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Curitiba – A bancada governista tem até As 10 horas de hoje para apresentar um texto complementar ou substitutivo ao relatório apresentado pelo relator da CPI dos Correios, o deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB). Mas também um texto- surpresa pode chegar ao plenário da comissão, às 14 horas, horário marcado para a votação do documento de Serraglio. Tudo pode acontecer. Inclusive nada ser votado. Sem entendimento, a tendência é de que fique difícil aprovar qualquer coisa, dado o equilíbrio numérico entre o bloco de apoio ao governo e os oposicionistas.

Ontem, os bastidores do Congresso pareciam um campo de batalha. Numa sala, depois de passar o fim de semana debruçados sobre papéis, petistas terminavam o plano B pró-partido na tentativa de modificar o relatório final da CPI. Oficialmente, sete pontos foram mencionados como "distorções" no texto de Serraglio. Basicamente, eles têm duas metas principais: retirar os indiciamentos do ex-ministro da Casa Civil, o deputado cassado José Dirceu, e de Luiz Gushiken; e transformar o termo "mensalão", citado no documento de Serraglio, em caixa 2, crime considerado por eles mais defensável diante da opinião pública.

Em outros corredores, a oposição também cumpria a lição de casa. Parlamentares da comissão foram assediados a fim de articular alianças para a vitória do relatório de Serraglio, que passou horas na tarde de ontem em conversa com o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

"A tese de que não houve mensalão, mas apenas caixa 2 é insustentável e só vem a prejudicar o presidente Lula. Se o dinheiro não foi para compra de votos de parlamentares, foi para a campanha de Lula. E, como as irregularidades ocorreram durante o governo e não na campanha, é desvio de dinheiro público, fraude eleitoral e não deixa de ser uma forma de cooptar votos para as propostas de governo no Congresso", afirmou Serraglio que, até o fim do dia de ontem, não tinha recebido o texto prometido pela bancada do PT.

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que fez parte da definição do relatório paralelo, frisou que os petistas não trabalham contra Serraglio. "Queremos aprovar um relatório. Pode até haver consenso em relação a esse do Serraglio. Só que há imperfeições no texto que precisam ser corrigidas." Dr. Rosinha sustenta a tese global dos petistas de que não houve mensalão. "Esse suposto pagamento não garantiu a aprovação de projetos de interesse do governo", insistiu. O fiel da balança pode estar nos parlamentares de partidos intimamente relacionados as denúncias do mensalão, como o PTB, PL e o PP, do paranaense Nelson Meurer. "O relatório do Serraglio é bom no sentido geral. Mas precisam ser feitas correções. Ele diz que o PP recebeu R$ 4 milhões. Isso não se prova. O valor comprovado é de R$ 700 mil", explica.

Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), o bloco do governo, liderado por Maurício Rands (PT-PE), está "esticando a corda" para forçar a alteração de alguns aspectos . "É um direito dos parlamentares. E por enquanto as coisas estão sendo feitas em cima da mesa. É uma queda-de-braço decente que pode até resultar na inclusão de algumas coisas como o aparecimento do Daniel Dantas no texto", diz Fruet, que atenta para o fato que a espinha dorsal do trabalho de Serraglio precisa ser mantida.

O senador Alvaro Dias apresentou na sexta-feira duas emendas ao relatório de Serraglio, uma delas com a petição de indiciamento do presidente Lula por ter conhecimento da compra de votos de parlamentares no Congresso. "Não tenho nenhuma dúvida de que o presidente prevaricou", afirmou. Ele também pede o indiciamento da direção da Caixa Econômica por improbidade administrativa. Para hoje, o senador admitiu que tudo pode acontecer. "Estou com receio de que o rolo-compressor do governo prevaleça e o resultado seja a frustração dos trabalhos feitos pela CPI até agora", disse.

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