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Com a queda das temperaturas aumenta o número de casos de doenças das vias respiratórias. A estimativa é que a incidência desses problemas cresça em até 40% nesta época. No entanto, engana-se quem pensa gripes e resfriados são as únicas vilãs do inverno. Existe uma série de outras doenças e complicações que podem ter a incidência e os sintomas aumentados em época de baixas temperaturas.

De acordo com diretor clínico e chefe do serviço de cirurgia cardíaca do Hospital Vita, Luiz Fernando Kubrusly, os atendimentos de casos de enfarte crescem em até 30% nos meses de inverno. "O frio é um fator desencadeador de problemas cardiovasculares", afirma. Segundo o médico, isso ocorre porque, para se proteger das baixas temperaturas, o corpo contrai as artérias. Como conseqüência, a pressão arterial aumenta. "Alguém que já tenha fatores de risco tem muito mais chances de sofrer uma obstrução, quadro que pode levar a um enfarte", diz Kubrusly. Além disso, o frio também faz com que as proteínas de coagulação fiquem maiores e mais ativas, favorecendo o aparecimento de coágulos nas coronárias.

A agente administrativa Rosana Malisaki da Silveira, 46 anos, sofre de pressão alta e tem histórico de doenças cardiovasculares. No último dia 12 de julho ela sofreu o segundo enfarto. "Estava frio nesse dia, eu tinha saído para ir ao mercado, que fica perto de casa, quando passei mal. Tive uma dor muito forte no peito e no braço", conta.

Para o cardiologista Everton Dombeck, do Hospital Costantini, além de atuarem como agentes desencadeadores, as temperaturas baixas proporcionam comportamentos inadequados. "No inverno muitas pessoas deixam de praticar atividades físicas e o sedentarismo é um fator de risco", afirma. Segundo ele, nos dias frios costuma-se comer alimentos mais calóricos, salgados e gordurosos, o que também aumenta os riscos.

Mas não é apenas o número de enfartes que aumenta. De acordo com o cardiologista Mário Cérci, do Hospital do Coração, os casos de doença arterial periférica sobem cerca de 50% nessa época. A doença se caracteriza por um problema na circulação sanguínea e faz com que o paciente fique com as mãos e os pés frios e arroxeados. "Sofro muito no inverno, sinto as mãos amortecidas", conta a doméstica Carmen Vaneli, 51, que há dez anos tem o problema.

Olho seco

O coração não é o único prejudicado nos dias de frio. No inverno também aumenta o sofrimento de pacientes com fibromialgia. A doença, que é mais comum em mulheres, se caracteriza por uma dor de forma generalizada e crônica. "Normalmente, o paciente reclama que dói tudo", afirma a diretora da clínica de fisioterapia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Marciane Kulczycki. Cansaço, alterações do sono e no funcionamento intestinal, depressão e dores de cabeça também caracterizam a doença. Segundo a fisioterapeuta, uma das explicações para as dores piorarem é a tendência das pessoas de ficarem mais encolhidas e contraídas.

É também na época do inverno que aumentam os casos da síndrome do olho seco. De acordo com oftalmologista Roberto Bermudez, além do frio, a permanência em frente ao computador ajuda a agravar os sintomas. "Os olhos ficam vermelhos, ressecados e irritados. O tratamento pode ser feito com o uso de lágrimas artificiais que ajudam a hidratar", explica. Os dentes também podem ficar mais sensíveis. Segundo a dentista Evelise Machado Souza, alguém que sofra de sensibilidade pode sentir dor ao falar em dias de frio. "O desconforto ocorre quando a raiz do dente está exposta. O problema pode ser tratado com a aplicação de produtos que diminuem a sensibilidade ou de impermeabilizantes", afirma. Durante os meses de inverno também se tornam mais freqüentes os estiramentos musculares e rupturas de tendão, já que no frio os tecidos ficam com menor elasticidade.

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