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Quando discute-se o problema da previdência social, um ensinamento do economista norte-americano Henry Hazlitt pode iluminar a questão. Diz ele: "A arte da economia está em considerar não só os efeitos imediatos de qualquer ato ou política, mas, também, os mais remotos; está em descobrir as conseqüências dessa política, não somente para um único grupo, mas para todos eles." Ao pedir a desindexação do valor do benefício dos aposentados e pensionistas do valor do salário mínimo, os economistas visam o imediato: reduzir o gasto com os idosos. Ao faze-lo, não estariam eles transferindo um problema para o futuro?

Uma estimativa do IBGE aponta que por volta de 2040 o Brasil alcance o patamar de 80 anos de esperança de vida ao nascer. Alegar que a renda de quem vive a terceira idade pode cair porque eles não participam de investimentos a longo prazo, como costumam fazer os defensores dessa idéia, pode ser um erro de projeções consideráveis. A queda na renda dos idosos pode implicar em gastos futuros com a saúde pública, por exemplo, uma vez que essas pessoas não tenham as condições de sustentar um padrão de vida saudável ou meios de pagar por assistência médica particular.

"Saco sem fundo"

"Essa é uma projeção que pode se esperar que ocorra. Hoje o Brasil toma a saúde como um direito do cidadão e uma obrigação do Estado. Por mais que se dê ênfase à saúde, este é um saco sem fundo. Com mais longevidade, aumentam também os gastos em saúde por pessoa", explica o economista Luiz Zottmann.

Para ele, uma das soluções para o Estado está em alterar o atual quadro de responsabilidades. "Se as pessoas se tornarem responsáveis pelos gastos básicos com a saúde, o Estado pode ficar responsável pelos gastos mais altos, exatamente aqueles que muitos não podem suprir, como os transplantes e outros riscos cobertos somente por quem tem plano de saúde, uma minoria. Em contrapartida, a população arcaria com a saúde básica", propõe Zottmann. (BB)

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