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Após três anos na direção-geral do Instituto de Criminalística (IC), Ari Ferreira Fontana foi exonerado ontem pelo governador Roberto Requião, o mesmo que o nomeou para o cargo depois de ser eleito em 2002. Fontana e outros seis peritos foram presos na última terça-feira acusados de protagonizar um esquema de corrupção e emissão de laudos falsos que funcionava dentro do instituto. Outro detido, o chefe da Divisão Técnica do Interior do IC, Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho, renunciou ao seu cargo ontem ao assinar protocolo encaminhado ao governador.

Ainda sob intervenção da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o IC de Curitiba funcionou normalmente ontem. As atividades do instituto, encarregado de fazer exames de DNA e perícias técnicas de crimes e acidentes, não devem ser afetadas com as mudanças. O novo diretor ainda não foi escolhido pelo governador. Quatro peritos foram deslocados de Curitiba para a seção técnica do IC em Cascavel, onde também ocorreram prisões de peritos, e outros três de Ponta Grossa foram direcionados para a unidade de Guarapuava. O centro de Francisco Beltrão continua fechado até que uma vistoria seja feita no local.

O trabalho da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) continua em sigilo absoluto. Ontem, durante cerca de seis horas, os promotores ouviram os depoimentos de Fontana e Oliveira Filho na sede da PIC, em Curitiba. Pelo menos dez pessoas que se sentiram lesadas pela quadrilha já compareceram ao Ministério Público para prestar queixa. Uma das vítima foi localizada e procurada pela reportagem, mas preferiu manter-se em silêncio até que a apuração do caso seja concluída. A análise do material apreendido em unidades do IC deve ser finalizada ainda hoje para que amanhã a denúncia seja encaminhada ao Fórum de Cascavel.

Segundo o advogado de Fontana, Cláudio Dalledone Júnior, seu cliente foi detido equivocadamente. "Essa foi uma prisão absolutamente injusta, arbitrária e violenta. Em poucos dias a realidade dos fatos será apresentada", afirma. O advogado conta que foi seu cliente quem iniciou a investigação de irregularidades no IC, mas o inquérito administrativo instaurado teria sido arquivado pela Sesp. A assessoria da secretaria rebateu a acusação por meio de uma nota oficial e classificou a informação de "mentirosa", já que foi a Sesp quem determinou que Fontana instaurasse uma sindicância no IC em abril de 2003.

O ex-diretor do IC e os demais envolvidos na denúncia devem ficar presos por mais três dias. Todos estão detidos no Centro de Triagem de Piraquara e no Batalhão de Guarda da Prisão Provisória de Curitiba, no bairro Ahú. O ex-diretor da 7.ª Ciretran de Cascavel, Josmar dos Santos, continua foragido. Como advogado, Fontana também corre o risco de responder a processo ético-disciplinar na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por não ter se licenciado da entidade após assumir o IC. De acordo com a assessoria da OAB, a licença deve ser solicitada quando um advogado assume a direção ou a gerência de órgãos públicos.

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