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O atual superintendente da Polícia Federal (PF) no Paraná, Jaber Makul Hanna Saadi, é um dos nomes mais cotados para assumir a diretoria geral da instituição. A possível nomeação para o mais alto cargo da corporação faz parte das mudanças previstas para o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A suposta indicação vem sendo comentada por agentes nos corredores da sede da PF, em Curitiba. No entanto, o Ministério da Justiça não confirma a informação e diz que nenhuma lista oficial foi elaborada – seriam apenas especulações.

Segundo agentes federais, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que já anunciou a intenção de deixar o primeiro escalão do governo, também teria indicado outros três nomes ao presidente Lula. Além de Saadi, os demais cotados para o lugar do atual diretor-geral Paulo Fernando da Costa Lacerda seriam os seguintes: o diretor-executivo da PF, Zulmar Pimentel dos Santos; o diretor de inteligência policial, Renato Halfen da Porciúncula; e o superintendente da PF em São Paulo, Geraldo José da Silva.

Aos 67 anos, Jaber Saadi é o delegado há mais tempo nos quadros da PF: 35 anos. Embora também não tenha sido comunicado "oficialmente" sobre sua cotação, em entrevista à Gazeta do Povo ele classificou a indicação como um reconhecimento da sua carreira. "Participar de uma lista de indicações ao cargo maior da PF é sempre um grande prêmio, um grande elogio", afirma. O superintendente faz questão de ressaltar que a nomeação cabe ao governo federal e ao futuro ministro da Justiça. "Isso tudo são suposições."

Saadi ingressou por acaso na PF. Paulistano do Bosque da Saúde, com 32 anos formou-se em Direito pela Universidade de Guarulhos, ocasião em que tinha uma indústria de embalagens. Quando abriu o primeiro concurso para agente de PF, em 1972, oito amigos o incentivaram a fazer as provas. Foi o único do grupo que passou. Ele começou a carreira como policial em São Paulo, mas em menos de dois anos já iniciava sua trajetória como delegado federal, ou inspetor, como era chamado na época.

Em 29 anos, Saadi foi designado para postos de delegado, coordenador, interventor ou superintendente em Manaus (AM), Santos (SP), Porto Alegre (RS), Foz do Iguaçu (PR), Espírito Santo e São Paulo (SP). Foi na capital paulista que diz ter feito um de seus serviços mais marcantes: a reorganização do sistema de fiscalização da segurança privada. Há quatro anos tem se dedicado à superintendência da PF no Paraná.

Por aqui, a maior conquista foi a criação de uma força-tarefa entre órgãos de segurança e fiscalização estaduais e federais para agir contra a bandidagem. "Sinto-me extremamente gratificado por ter conseguido unir todos os segmentos de combate à criminalidade", diz. No Paraná, entre as ações da PF que desestruturaram quadrilhas de lavagem de dinheiro, assaltantes, contrabando, tráfico de entorpecentes, crimes virtuais e evasão de divisas sob o comando de Saadi estão as operações batizadas de Dilúvio, Tentáculos, Ícaro, Zapata, Asfalto Limpo, Chacal, Anos Dourados, Hydra e Farol da Colina.

Saadi ressalta os grandes avanços da PF nas últimas décadas, como o reconhecimento do serviço por parte da mídia e da sociedade, o trabalho científico de investigação de inteligência e o controle quase total de portos e aeroportos brasileiros. "Hoje, nós trabalhamos com os órgãos de todos os estados e em conjunto com as polícias do mundo inteiro. Todas nos abrem as portas pela nossa credibilidade", comemora. "Nossos equipamentos e nosso sistema de criminalística se equiparam a qualquer polícia do mundo."

Para ele, o Paraná não é a principal porta de entrada de entorpecentes no Brasil. "A criminalidade sempre procura janelas abertas e hoje nós temos um policiamento muito consistente de Guaíra até Foz do Iguaçu", explica. Diz que traficantes têm procurando rotas alternativas pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Sobre o desvio de conduta de policiais, Saadi acredita não existir organização sem corrupção. "Todas elas têm, guardando suas devidas proporções. Mas a PF tem mostrado sistematicamente que combate permanentemente a corrupção interna."

Apegado à família, o superintendente se classifica como um "pai e avô coruja" de quatro filhos e "dois netos e meio", como brinca (o terceiro está para nascer no meio deste ano). Ele reconhece ter sacrificado momentos importantes com filhos e esposa devido às constantes mudanças com a PF. "Todas as vezes levei a família comigo. É o meu esteio e o meu suporte. Sem ela estaria no vácuo."

Já aposentado, hoje Saadi é comissionado da PF. "A nossa aposentadoria não significa um encerramento do trabalho", esclarece. Foi no Paraná sua melhor adaptação e é aqui que a família deve se fixar. "É onde eu gostaria de encerrar minha carreira." Porém, quando o assunto é um possível chamado para assumir a chefia da PF, dá dicas da resposta: "É muito difícil dizer não. A realização de uma carreira é sempre chegar ao topo. Só o destino pode dizer o que realmente vai acontecer."

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