Curitiba Dez diretores e ex-diretores do grupo Rural, controlador do Banco Rural e outras empresas coligadas, estão sendo processados na 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, acusados de controlar e movimentar a conta da offshore Trade Link Bank, mantida na agência do Banestado, em Nova Iorque (EUA), entre janeiro de 1996 e março de 1999. Os réus são acusados de crimes contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta, evasão de dívisas e formação de quadrilha, entre outros. Os seus nomes não foram divulgados.
Segundo denúncia feita pelo Ministério Público Federal na semana passada, a conta Trade Link Bank movimentou US$ 707,9 milhões na época. Mas o montante é ainda maior.
Uma perícia da Justiça Federal encontrou outros valores, o que eleva a movimentação para US$ 977 milhões.
A conta da empresa Trade Link Bank seria a principal responsável pelos depósitos feitos na conta do publicitário Duda Mendonça, da empresa Dusseldorf Company LTD. Além disso, segundo investigação da força-tarefa das contas CC5, a offshore teria sido aberta para colocar no exterior recursos do conglomerado financeiro, tirando do controle das autoridades brasileiras movimentações ocultas do grupo.
Segundo a investigação, o dinheiro encontrado no exterior saiu ilegalmente de contas do Banco Rural, que, segundo a CPI dos Correios, é também a instituição financeira que mais teria feito empréstimos fictícios ao publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador do suposto mensalão.
Conforme documentos que estão na sede do Departamento de Recuperação de Ativos (DRCI), do Ministério da Justiça, o Banco Rural também é um dos principais depositantes da conta da empresa não-declarada de Duda Mendonça. Os depósitos eram feitos pelas empresas do Sistema Financeiro Rural entre elas o Banco Rural e o Rural Internacional Bank, que repassavam depósitos em dólares para o Bank Boston Internacional, que os debitava na conta Dusseldorf Company. A sede do Rural International Bank é nas Bahamas, o mesmo paraíso fiscal da offshore do publicitário.
Os responsáveis pelo grupo Rural foram procurados pela reportagem, mas não foram localizados para comentar o assunto.
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