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Alguma coisa está fora ordem no processo que deve homologar a recondução de Carlos Augusto Moreira Júnior para mais quatro anos à frente da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O Conselho Universitário (COUN), em conjunto com o Conselho de Curadores (Concur), decide hoje se acata ou não o pedido de abertura de sindicância enviado pela Comissão Eleitoral, com base em denúncias de abuso de poder por parte da chapa do atual reitor. Caso o pedido seja negado, os conselhos reunidos vão compor o colégio eleitoral especial e ratificar a lista tríplice a ser remetida ao Ministério da Educação, encabeçada por Moreira Júnior, que venceu a consulta feita no último dia 23 às entidades representativas da comunidade universitária.

Entretanto, o segundo colocado na disputa, o professor Francisco de Assis Marques, diz ter um dossiê com "provas cabais" de que o atual reitor teria feito uso da máquina administrativa da UFPR na eleição, que serviram de base para o pedido de sindicância feito pela Comissão Eleitoral. O presidente dessa comissão, João Negrão, confirmou ter recebido a documentação e disse que ela foi entregue nas mãos da reitora em exercício, Maria Tarcisa Silva Bega, no início da tarde de ontem. "Ela deu uma lida no material e o entregou ao responsável pela Secretaria dos Órgãos Colegiados (SOC)", afirmou Negrão, referindo-se ao órgão responsável pelo protocolo na instituição.

Em entrevista coletiva concedida às 16 horas de ontem, porém, Maria Tarcisa disse que nenhum documento ou dossiê havia sido protocolado na SOC até as 15h30, o que pode inviabilizar a apreciação do material na reunião de hoje. "Você não puxa um papel do bolso e o apresenta para ser julgado pelo conselho. Não julgamos nada que não tenha sido protocolado e transformado em um processo", observou a reitora em exercício. Mas ela não descartou completamente a hipótese de o tal dossiê ser analisado na reunião. "Se o pleno resolver aceitar, o material precisará ser protocolado e seguir os trâmites formais."

Surpresa

Informado da declaração de Maria Tarcisa, o presidente da Comissão Eleitoral se mostrou surpreso: "Tivemos uma reunião às 14h30 e os documentos que ajudariam a realizar a sindicância foram entregues à reitora em exercício em mãos", reafirmou. "O secretário da SOC estava na reunião, recebeu o material e espero que tenha protocolado. Temos testemunhas de que a documentação foi entregue. Não estou entendendo por que ela diz que não foi protocolado."

O professor Francisco de Assis Marques, responsável pelas acusações, já demonstrava um certo pessimismo em relação à reunião do COUN. "Óbvio que eles vão tentar dizer que os documentos não valem nada. O Moreira tem maioria no conselho. Mas se o COUN entender que não deve haver sindicância, estará fechando os olhos para uma série de irregularidades e confirmando que vale tudo no processo eleitoral. Sendo assim, não precisa mais haver eleição, porque quem tem a grana e a máquina sempre vai ganhar. A universidade estará dando um péssimo exemplo à sociedade", considera.

Após conversar com Negrão e Marques, a reportagem tentou entrar novamente em contato com a reitora em exercício, mas ela não foi localizada.

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