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Cerca de 20 mil gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros (GLBT) e simpatizantes saíram às ruas de Curitiba pedir "Respeito sim, discriminação não", ontem, na 12.ª edição da Parada de Diversidade de Curitiba – considerada a quarta maior do país, perdendo apenas para São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. O número refere-se ao público estimado pela Polícia Militar. Segundo os organizadores, o evento reuniu 75 mil pessoas.

Oito carros de som animaram a manifestação, que foi um misto de protesto e festa. O trajeto este ano foi da Praça 19 de Dezembro até o Palácio Iguaçu. O objetivo declarado dos organizadores é sensibilizar o poder público sobre os direitos dos GLBT e lutar pela aprovação de leis contra a homofobia.

"Queremos mostrar que somos muitos, que estamos em todos os lugares e exigimos nossos direitos. Qualquer pessoa que se sente discriminada deve procurar seus direitos", afirma o presidente do Grupo Dignidade, Toni Reis.

"Nós somos brasileiros e merecemos os mesmos direitos que todos merecem", afirma o o presidente da Associação Paranaense da Parada da Diversidade (APPAD), Nick Oliveira. "É uma manifestação pacífica, quase um carnaval, é a nossa forma de correr atrás de nossos direitos", afirma a drag queen Brigite Beauvieu.

O evento contou também com a presença de políticos simpatizantes da causa: o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), o ex-secretário municipal de saúde Michelle Caputo Neto, o deputado estadual Padre Paulo (PT) e a vereadora Professora Josete (PT).

"Esta manifestação/protesto/festa mostra um lado que a sociedade não quer ver a parada é importante porque é uma forma de eles lutarem pelos direitos deles", afirma Dr. Rosinha. Para Josete, o evento "é um espaço de comemoração e alegria, mas também de reivindicação". Padre Paulo resume: "festa da diversidade, da vida e da alegria".

Marcada principalmente pelo colorido das roupas e pelas fantasias das drag queens, a parada, que começou às 15 horas, contou também com a presença de muitas famílias, que não se sentiram intimidadas ou incomodadas com as manifestações de carinho entre casais homossexuais que participavam do evento.

"Eles têm uma maneira diferente de viver. A festa é muito animada, não se vê briga nem confusão", afirma a massoterapeuta, Débora Cristina Malensky, 30 anos, que estava acompanhada pela mãe e pela filha de 7 anos. "Eu não sei o dia de amanhã, por isso trouxe minha filha, para ela conhecer esta realidade. É a segunda vez que participamos e ela gosta porque é muito animado", diz.

No clima de festa e de "o amor está no ar", vários casais homossexuais aproveitavam a oportunidade para beijos cinematográficos. Pedro Augusto de Oliveira Maciel, 18 anos, e Ednilson Dias, 20 anos, longe do receio de sofrer preconceito demonstravam todo carinho que sentem um pelo outro. "Namoramos há cinco meses e estamos apaixonados", diz Maciel.

"Agora estou mais acomodado, mas quando era mais jovem eu era gay. Eu gosto desta turma que está aqui hoje", contou o aposentado Afonso Silveira, 85 anos.

Histórico

A primeira Parada Gay de que se tem notícia ocorreu em 28 de junho de 1969, em Nova Iorque (EUA). Um grupo de gays saiu em marcha de um bar da cidade para protestar contra a violência policial. Desta data em diante, as paradas espalharam-se pelo mundo.

A primeira parada brasileira foi realizada em Curitiba, em 31 de janeiro de 1995. A de São Paulo é considerada a maior do mundo e chega a reunir 2,5 milhões de pessoas. O Brasil é o recordista mundial em número de eventos e paradas para este público, com 144. Os Estados Unidos vêm logo em seguida com 138. Pesquisas estimam que 10% da população mundial seja homossexual.

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