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São Paulo - Amigos da família da menina Isabella, manifestantes e curiosos continuavam ontem, desde cedo, em frente ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, no terceiro dia do julgamento do casal Nardoni. A auxiliar de cozinha Suely Maria da Conceição, 32 anos, que criou uma comunidade no site de relacionamentos Orkut, chamada "Para Sempre Nossa Estrelinha", em homenagem a Isabella, acompanha todos os minutos do julgamento desde segunda-feira. Suely não conhecia a garota nem a mãe, mas disse que se comoveu tanto com a história que fez de tudo para conhecer Ana Carolina Oliveira pessoalmente.

"Precisava dar o meu apoio a ela e hoje me considero uma amiga. Sinto como se a Isabella fosse a minha própria filha e faço tudo que está ao meu alcance para apoiar essa família", afirmou Suely, que pediu uma semana de folga para acompanhar o julgamento. "Teria pedido as contas se não tivesse sido liberada."

O empresário André Luiz dos Santos, que completou 50 anos ontem, vem acompanhando os desdobramentos do crime desde o início das investigações. Chegou a acompanhar a reconstituição do crime, há dois anos. Santos, que vive na cidade de Ponte Nova (MG), gastou cerca de R$ 2 mil com a viagem e trouxe uma cruz de madeira de 30 kg, onde fica "pregado" a maior parte do dia, como forma de protesto.

"Viajei 14 horas até São Paulo por conta própria, para protestar contra a violência. Tenho três filhos e quero um mundo melhor para eles", disse André, que na terça-feira teve a chance de entrar no fórum e acompanhar o julgamento de perto. "Cheguei aqui às 5 horas da manhã e fui o quinto a entrar. Fiquei incomodado com o comportamento do Antonio Nardoni, pai do Alexandre. Ele ria e debochava muito."

Pais

Alguns pais que perderam os filhos de forma violenta também estavam presentes para prestar solidariedade, caso da autora de novelas Glória Perez, que perdeu a filha, a atriz Daniela Perez, em 1992, e do comerciante Masataka Ota, pai do garoto Ives, 8 anos, sequestrado e assassinado por dois policiais militares e um motoboy em 1997.

Maria Helena Abdu de Faria, 66 anos, perambulava pelas calçadas com fotos de sua filha Kelly, morta em setembro de 2007. Ela contou que o corpo da filha, na época com 27 anos, foi encontrado pela polícia em um rio, mas que até hoje não foi dada nenhuma explicação a ela sobre o caso. "Não sei por quem e nem por que a minha filha foi morta. Na verdade, até hoje, acho que o corpo que eu reconheci não era dela. Não sei o que fazer, ela era a minha única filha, a minha companheira", desabafou.

Curiosos

A maioria das pessoas que formava a fila para participar da plenária do julgamento era de estudantes de Direito e donas de casa. "Vim para ajudar quem está precisando e para agradecer a todos que estão lutando por justiça", disse a aposentada Noêmia Soares, 71 anos.

Praticamente todos os manifestantes acreditam na culpa de Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nar­doni e se posicionam com veemência contra o casal. Uma das poucas vozes dissonantes é a do operador da Igreja Assembleia de Deus Orlando Torres, que a cada 15 minutos começava a cantar e pular em frente ao fórum pedindo para que as pessoas não condenassem e sim perdoassem o casal.

"Quero que a justiça seja feita, mas que seja feita lá dentro. O nosso objetivo deve ser buscar o amor e não fomentar o ódio."

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