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Paraná se destaca em problemas de saúde mental

Das 13 doenças crônicas levantadas pelos pesquisadores do IBGE, em oito os porcentuais do Paraná são maiores do que a média do país. Duas delas, porém, chamam mais a atenção: a insuficiência renal e a depressão. Isso porque, no primeiro caso, a porcentagem paranaense é o dobro da média nacional, e no segundo, por acometer mais de 800 mil paranaenses.

Segundo o nefrologista do Hospital Vita, João Luiz Carneiro, os dados de insuficiência renal estão inseridos em um contexto regional. O Sul é a segunda região do país com mais pacientes que precisam de hemodiálise – atrás apenas do Sudeste. Estima-se que 100 mil brasileiros dependam desse procedimento no país – o dobro do verificado dez anos atrás.

O fato de 2,8% dos paranaenses entrevistados na pesquisa se declararem com insuficiência renal, diz Carneiro, pode estar relacionado a um sistema de saúde mais amplo, que leva as pessoas a se diagnosticarem mais cedo. "Mas esse porcentual pode ser ainda maior. Há muitos casos em que o paciente descobre a doença em estágio avançado."

Em relação à depressão, o porcentual nacional está dentro do que já havia sido apontado por estudos anteriores. Essa é a avaliação de Marcelo Kimati, diretor do departamento de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Curitiba. Sobre o alto porcentual de paranaenses que se declararam depressivos, Kimati vê o dado como um sintoma do desenvolvimento.

"Estudos internacionais apontam que a expressão do sofrimento humano varia de acordo com algumas populações e com níveis socioeconômicos e de escolarização."

O médico, entretanto, alerta para um efeito cada vez mais presente na sociedade ocidental: a hipermedicalização. "Esse é um fenômeno que começou na década de 1970, mas vem se acentuando. Atualmente, dis­­pen­samos na rede pública de Curitiba 36 mil com­pri­midos psicotrópicos. E esse não é um número que destoa de outros municípios".

No Paraná, foram ouvidos os moradores de 3.731 domicílios.

Raphael Marchiori

Quase quatro em cada dez brasileiros sofre com alguma doença crônica. A revelação está na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada ontem pelo IBGE, que identificou que 39,3% dos adultos brasileiros, com mais de 18 anos, já foram diagnosticados com pelo menos uma das 11 doenças crônicas não transmissíveis que constam no levantamento (veja mais no infográfico). Segundo o instituto, esses problemas de saúde são responsáveis por 70% das mortes em todo o país. Além disso, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, enfermidades respiratórias crônicas e doenças neuropsiquiátricas também são responsáveis por perda de qualidade de vida, gerando incapacidades e limitação para atividades de trabalho e lazer.

INFOGRÁFICO: Veja quais são as doenças crônicas com mais incidência no país

Pesquisadores visitaram mais de 81 mil casas em 1,6 mil municípios de todas as regiões, durante o segundo semestre do ano passado e expandiram os resultados obtidos para o universo de 146,3 milhões de pessoas com 18 anos ou mais de idade, em 2013. A doença com maior prevalência é a hipertensão, que acometia 31,3 milhões de brasileiros (21,4%) em 2013. No Paraná, câncer, problemas na coluna, doenças cardiovasculares, artrite ou reumatismo, insuficiência renal, e distúrbio osteomuscular são as doenças crônicas com incidência superior à média nacional.

No caso da insuficiência renal, a proporção de pessoas com mais de 18 anos e portadoras do problema no Paraná é o dobro do registrado no país (2,8% contra 1,4%). O estado também apresenta um alto índice de pessoas com problemas crônicos de coluna: 26% dos paranaenses entrevistados sofrem com o problema, contra um índice nacional de 18,5% .

No campo da saúde mental, 11,7% dos paranaenses admitiram ter depressão, contra 7,6% dos brasileiros. De acordo com o IBGE, pouco mais da metade (52%) das pessoas que sofrem de depressão usavam medicamentos e 16,4% faziam psicoterapia. As mulheres são as que mais sofrem do mal: 17,8% das entrevistadas no Paraná afirmaram ter depressão e 11,8% disseram usar remédios para dormir, números também acima da média nacional.Não é apenas na depressão que, proporcionalmente, as mulheres enfrentam mais doenças. "A gente sabe que as mulheres frequentam mais os consultórios médicos, elas procuram mais, por isso têm mais diagnóstico. Além disso, elas atingem idades mais avançadas e essas doenças crônicas ocorrem em maior proporção conforme a idade aumenta", afirma Maria Lúcia Vieira, gerente da pesquisa, para a Agência Brasil.

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