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Dois dos sequestradores do publicitário Washington Olivetto fugiram da prisão. Eles saíram da cadeia no dia 11, porque receberam o direito de visitar parentes no Dia das Crianças, mas deviam retornar até as 13 horas do dia 18 à Penitenciária de Itaí, no interior de São Paulo, que abriga só presos estrangeiros, o que não aconteceu. Por causa disso, o chileno Marco Rodolfo Rodrigues Ortega e o colombiano William Gaona Becerra estavam desde esta quinta-feira (21) na lista de procurados da polícia.

Condenados a 30 anos de prisão, eles estavam presos desde 1º de fevereiro de 2002, quando foram detidos em uma chácara em Serra Negra, em companhia do líder do grupo, Maurício Hernandez Norambuena, segundo homem na hierarquia do grupo da esquerda chilena Frente Patriótica Manoel Rodrigues (FPMR). Tanto Gaona quanto Ortega estavam no regime semiaberto e tinham o direito de sair cinco vezes por ano da prisão, depois de cumprirem mais de um sexto da pena.

Ortega recebeu o benefício em maio, pois tinha bom comportamento. Suspeita-se de que ele usou uma saída anterior da prisão para planejar a fuga e que ambos tenham deixado o Brasil. Três destinos são possíveis: Chile, Colômbia e Argentina.

Ortega é filho de Miriam Ortega, dirigente histórica do grupo chileno Movimento Esquerda Revolucionária (MIR, na sigla em espanhol) e de Rodolfo Rodrigues, outro mirista. A mãe ficou presa anos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e o filho passou a infância no exílio, em Cuba, até voltar ao Chile em 1988. Quando foi preso no Brasil, era tido como um dos responsáveis pela criptografia das comunicações do grupo.

Em seu país, Ortega não responde a processo. Ele milita em uma dissidência do MIR, o Exército Geral dos Povos-Pátria Livre (MIR-EGP-PL), que se considera uma organização irmã do grupo guerrilheiro colombiano Exército de Libertação Nacional (ELN), do qual Becerra era integrante. Parte da família deste foi morta na guerra civil por paramilitares de direita da AUC (Autodefesas Unidas de Colômbia).

Já a pista argentina é seguida porque diversos integrantes da FPMR se esconderiam nesse país. Foi ali que, em 2004, foi detido Galvarino Sérgio Apablaza Guerra, o comandante Salvador, líder máximo da FPMR - a Justiça argentina não aceitou o pedido de extradição feito pelo Chile e o libertou em seguida.

Apesar de nunca ter sido indiciado, Salvador era suspeito de participar dos sequestros de Olivetto e do publicitário Geraldo Alonso, ocorrido em 1992, em São Paulo. Alonso pagou US$ 3 milhões de resgate, depois de ficar 36 dias em cativeiro. Além dele, suspeita-se que estejam na Argentina dois chilenos indiciados em 2008 pelo sequestro de Olivetto: Luiz Alberto Moreno Correa, militante da FPMR, e Cristian Adolfo San Martín Morales, militante do MIR-EGP-PL.

Olivetto foi sequestrado em 11 de dezembro de 2001. Ele ficou 53 dias no cativeiro e foi libertado depois da prisão de quatro homens e duas mulheres em Serra Negra. Com as investigações da Divisão Antissequestro surgiram provas de que o sequestro foi uma ação da FPMR e do MIR-EGP-PL. Os réus sempre negaram a participação do ELN.

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária, os dois foragidos perderam automaticamente o benefício do regime semiaberto. Ou seja, quando recapturados, voltarão ao regime fechado.

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