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Uma pomba permaneceu o tempo todo sobre o caixão de dom Eugenio Sales durante o velório: papa o chamou de “intrépido pastor” | Albari Rosa/ Gazeta do Povo e Sandro Vox/Folhapress
Uma pomba permaneceu o tempo todo sobre o caixão de dom Eugenio Sales durante o velório: papa o chamou de “intrépido pastor”| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo e Sandro Vox/Folhapress

Cronologia

Acompanhe a trajetória de dom Eugenio Sales:

1920 – Nasce Eugenio de Araújo Sales, em Acari (RN).

1943 – É ordenado padre em Natal, aos 23 anos.

1954 – Com apenas 33 anos, é nomeado bispo auxiliar de Natal pelo papa Pio 12.

1962 – Nomeado administrador apostólico da Arquidiocese de Natal.

1964 – É nomeado administrador apostólico da Arquidiocese de Salvador.

Na Bahia, participou da criação das Comunidades Eclesiais de Base e da Campanha da Fraternidade.

1968 – É nomeado arcebispo de Salvador.

1971 – Nomeado para a Arquidiocese do Rio de Janeiro.

1978 – João Paulo II é eleito papa. Amigo pessoal do pontífice, dom Eugenio se torna o maior interlocutor dos bispos brasileiros em Roma.

2001 – João Paulo II aceita sua aposentadoria e nomeia dom Oscar Scheid para substituí-lo na Arquidiciose do Rio.

Legado

Religioso idealizou Campanha da Fraternidade

Nascido em 8 de novembro de 1920, em Acari (RN), dom Eugenio Sales passou parte da infância no sertão nordestino. A vocação para o sacerdócio surgiu no início dos anos 30, após ser matriculado em colégio marista de Natal. Antes de optar pela Igreja, pensou em ser engenheiro agrônomo. Foi ordenado em 21 de novembro de 1943. Esteve à frente da Arquidiocese do Rio por 30 anos, entre 1971 e 2001. Nesse período, idealizou a Campanha da Fraternidade e deu abrigou a mais de 4 mil perseguidos políticos pelos regimes militares do Cone Sul, entre 1976 e 1982, especialmente argentinos.

Defensor das tradições da Igreja, ele foi um dos responsáveis pela derrocada da Teologia da Libertação, linha de pensamento que buscava unir princípios do catolicismo ao marxismo, no início dos anos 1980.

O cardeal dom Eugenio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, morreu na noite de segunda-feira, aos 91 anos, de enfarte agudo do miocárdio. Ele faleceu enquanto dormia na casa em que morava, no Sumaré. O governo do Rio decretou luto oficial de três dias. O corpo está sendo velado desde ontem na Catedral de São Sebastião, no centro do Rio, onde será sepultado hoje após uma missa presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, às 15 horas.

No velório, o clima era de serenidade. Na entrada da catedral, o corpo do cardeal foi recebido com uma salva de palmas por cerca de 500 pessoas e com a execução do Hino Nacional e da Marcha Pontifícia, o Hino do Vaticano, pela Companhia de Músicos da Polícia Militar.

Muitos se emocionaram com a cena que viria a seguir. O voluntário da Cruz Vermelha, Gilberto de Al­­meida, soltou uma pomba branca, símbolo da paz, como parte da solenidade. Mas ao invés de voar, a ave pousou sobre o caixão e ali permaneceu durante mais de uma hora. "Eu não sei o que aconteceu, mas sei que tem um propósito para isso. Só mostra que ele está presente aqui, abençoando todos", disse o voluntário, emocionado.

Homenagens

A primeira missa de corpo presente, ontem, foi presidida por dom Orani, que relembrou a trajetória daquele que dedicou quase 70 anos de sua vida ao sacerdócio. "Ele soube trabalhar tanto na elaboração dos planos pastorais da arquidiocese, para evangelização das comunidades e aprofundamento da fé, como também na presença do Brasil na Santa Sé", afirmou o atual arcebispo.

"Dom Eugenio foi um exemplo de santidade para a Igreja e para o povo do Rio de Janeiro, e isso se estendeu também para nós, que não somos do Rio", disse a missionária Meire Ferreira Machado, uma das centenas de fiéis presentes ao velório.

O Papa Bento XVI lamentou a morte de dom Eugenio por meio de telegrama. "Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja tão generoso pastor que, nos seus quase 70 anos de sacerdócio e 58 de episcopado, procurou apontar a todos a senda da verdade na caridade e do serviço à comunidade, em permanente atenção pelos mais desfavorecidos", disse, na nota.

A presidente Dilma Rous­­seff também destacou o legado deixado por dom Eugenio. "Em sua trajetória, a preocupação social sempre esteve associada ao trabalho eclesiástico, como bem sintetizam as Campanhas da Fraternidade, uma de suas iniciativas, que marcam a ação da igreja em todo o Brasil", destacou a presidente.

Em nota, dom Pedro Fedalto, arcebispo emérito da Arquidiocese de Curitiba, também manifestou seu pesar. "Agradeço a Deus por todo o bem que dom Eugenio realizou. Que Deus o tenha na glória do paraíso!"

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