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Campo Mourão – Depois de lutar por 11 anos para provar que está viva, ontem a doméstica Elizabete Moreira Duarte, 37 anos, não conseguia esconder a alegria em ver o mandado expedido pela Vara da Família de Campo Mourão, que cancela o atestado de óbito, único documento de Elizabete. Com o mandado em mãos, Elizabete vai poder tirar a segunda via do RG e CPF.

O drama da doméstica começou 1995, quando ela decidiu deixar Curitiba para morar em Santos, por três anos. Além de ter sido assaltada, perdendo todos os documentos, deixou de manter contato com os familiares de Campo Mourão. Poucos meses depois de sair de casa, o pai de Elizabete reconheceu um corpo como sendo da filha. "O corpo era de uma pessoa que foi assassinada em Curitiba e, coincidentemente, tinha as mesmas características minhas", conta Elizabete. O corpo foi enterrado no Cemitério São Judas Tadeu e, para a família, a filha estava morta.

Ao retornar para a casa dos pais, além de causar espanto, ela teve a surpresa de saber que estava morta. "Minha mãe desmaiou, meu pai não acreditava e outros parentes pensavam que era fantasma", lembra Elizabete. Segundo ela, uma carta que ela teria enviado à família, mas retornou por falta do endereço completo, serviu para provar que ela era a filha. "Foi uma sensação de medo misturada com alegria. Um tio contou que teve vontade de sair correndo ao me encontrar", conta.

Em 11 anos, sem documentos, apenas com a certidão de óbito atestando que Elizabete morreu de forma violenta, ela não conseguiu trabalho registrado, foi acusada de estelionato ao tentar tirar a segunda via dos documentos e permaneceu na informalidade. "Nunca mais consegui trabalhar com carteira ou abrir crediário", relata Elizabete. Quando contava sua história, as pessoas não acreditavam. "Começavam a rir e me deixavam falando sozinha", descreve.

Para tentar conseguir a documentação, Elizabete levou sua história a vários programas de rádio e televisão. A promessa de ajuda nunca se tornou realidade e ela estava quase desistindo quando conheceu uma advogada que, sem receber honorário, decidiu acompanhar o processo. "Durante esses 11 anos faltou boa vontade em resolver o problema", diz a advogada Greice Gabriela da Silva. Segundo ela, o caso não tinha dificuldades. "Foi com o apoio da Vara da Família de Campo Mourão que conseguimos resolver o caso", explica.

Depois de amanhã, o mandado expedido pela vara, cancelando o atestado de óbito, será encaminhado a Curitiba e Elizabete poderá fazer a segunda via de todos os seus documentos. "É um pesadelo que terminou", comemora.

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