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Cascavel – O empresário Nerci de Freitas, dono da NF Segurança, empresa que contratou os homens que se envolveram no tiroteio com sem-terra, no último domingo, negou que tenha dado ordens para que a fazenda da Syngenta fosse retomada. No conflito, duas pessoas morreram – um sem-terra e um segurança – e sete ficaram feridas. Freitas prestou depoimento ontem ao delegado Amadeu Trevisan, na 15.ª Subdivisão Policial, em Cascavel (Oeste do estado).

Freitas afirmou que soube da reocupação da fazenda através de um funcionário, que relatou que três colegas e vários pertences da NF teriam ficado no local. Ele disse que mandou um funcionário, Rodrigo Ambrósio, reunir alguns seguranças e retornar ao local com o objetivo de apenas recuperar os pertences e negociar a liberação dos homens.

O dono da NF afirmou que é contratado pela Syngenta, mas informou que há uma cláusula que proíbe o uso de armas. Ele contou que ao informar a empresa sobre a nova invasão teria sido orientado a não resistir. Sobre o fato do revólver 38 apreendido no domingo estar registrado em nome da NF, o dono da empresa disse que a arma pode ter sido levada por algum dos homens chamados por Ambrósio.

Freitas é apontado pela Via Campesina e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) como responsável por uma milícia armada estruturada com o objetivo de aterrorizar acampamentos e fazer desocupações a mando da Sociedade Rural do Oeste (SRO) de Cascavel e do Movimento dos Produtores Rurais (MPR). No depoimento, Freitas negou qualquer vínculo com a SRO. No entanto, um inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga ações praticadas por um grupo de seguranças particulares na região constatou que a NF presta serviços à SRO.

O delegado da PF de Cascavel, José Alberto de Freitas Iegas, contou que a investigação resultou na prisão de outra sócia da NF, Maria Ivanete Campos de Freitas, por porte ilegal de munição, no mês passado. No mesmo inquérito, Freitas também aparece como indiciado por porte ilegal de munição.

Segundo a PF apurou os homens contratados pela NF teriam antecedentes criminais, além de não ter capacitação e autorização para atuar como seguranças. Ao delegado Iegas, Freitas teria listado a SRO e o MPR como clientes da NF, o que foi confirmado pelo próprio presidente da Sociedade Rural, Alessandro Meneghel.

Ameaças

Organizações de direitos humanos e movimentos sociais cobraram rigor nas investigações. As entidades denunciam um suposto plano para assassinar líderes sem-terra da região e pedem proteção policial para Celso Barbosa e Célia Aparecida Lourenço, ligados à Via Campesina e ao MST. Os dois teriam sido perseguidos pelos seguranças durante o ataque de domingo. Barbosa, Célia e Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, que foi morto no tiroteio, estariam sendo ameaçados há seis meses. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia de Cascavel no dia 28 de março após uma ameaça de morte via telefonema anônimo.

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