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Centenas de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque da Polícia Militar ocupam desde o início da madrugada desta terça-feira (11) a comunidade da Chatuba, em Mesquita, onde seis jovens teriam sido capturados e mortos no último sábado. A ação, que conta com o apoio de fuzileiros navais, tem como objetivo encontrar os acusados dos assassinatos de pelo menos oito pessoas. Pelo menos dez pessoas foram presas e dois menores de idade apreendidos.

No início da tarde, policiais do Bope encontraram pelo cinco acampamentos no alto da mata. Em um desses esconderijos foram apreendidos um gerador de alta capacidade e um fuzil de fabricação alemã equipado com luneta.

Durante a operação foram apreendidos ainda 933 papelotes, 320 cápsulas e 20 gramas de cocaína, 41 pedras de crack, 30 sacolés de maconha, uma faca, uma granada, um carregador de pistola calibre .380, três coldres, um par de coturno, um cinto, duas mochilas, sete telefones celulares,uma máquina fotográfica, cinco baterias de telefone celular, um cordão, um lampião,uma rede de campanha e R$ 15 mil em espécie. Um carro também foi recuperado. Todo o material apreendido será levado para a 53ª DP (Mesquita).

Entre os presos estão Ricardo Sales da Silva, de 25 anos, e Monica da Silva Francisco, de 20 anos. Um homem identificado apenas como Beto Gorducho também foi preso. Na ação, os policiais também prenderam Luiz Alberto Ferreira de Oliveira, de 29 anos, mas a PM não tem informações se ele participou da chacina. Os policiais foram até a casa de Luiz Alberto, na Travessa Paulo Jorge 36, para checar uma informação do disque denúncia de que havia drogas e armas no local. Ele só permitiu a entrada da polícia com a chegada do advogado. Na casa foram apreendidos R$ 15.099 escondidos em uma lancheira infantil e 20 gramas de cocaína. Segundo os PMs, Luiz Alberto teria dito que a droga seria para consumo próprio, mas na casa havia indícios de que o local servia para o tráfico, já que foram encontrados dezenas de elásticos de dinheiro e saquinhos plásticos cortados normalmente usados para embalar sacolés de cocaína. Segundo a polícia, Luiz Alberto estava em liberdade há apenas uma semana. Ele ficou preso 27 dias após ter sido encontrado com munição de uso restrito.

Polícia busca jovem desaparecido

A ação também tem como objetivo encontrar o jovem que está desaparecido desde sábado. Os policiais junto com o pai de José Aldeci da Silva Júnior, de 19 anos, estão fazendo buscas pelo jovem na Favela da Chatuba, em Mesquita. No início da manhã desta terça-feira, Jose Aldeci da Silva, de 44 anos, pediu ajuda aos policiais para tentar localizar o corpo do filho, que estaria enterrado em um cemitério clandestino na localidade conhecida como Bicão, na cachoeira. O pai contou que o rapaz havia saído de casa na manhã de sábado para passear com os pássaros e nunca mais foi visto.

Segundo José Aldeci, a mãe procurou um traficante da região no domingo e recebeu a seguinte resposta: "Tia vou ser sincero: o foca enterrou ele na mata". Ainda de acordo com o pai, o jovem não tinha antecedentes criminais. Ele trabalhava em um depósito de tecidos em Campo Grande, na Zona Oeste. Antes de sair de casa, o garoto disse que retornaria mais tarde para montar o berço de sua filha Mayara, que já está para nascer.

"Eu só quero o corpo do meu filho para enterrá-lo. Moro aqui desde 1986 e antes não era assim. Isso piorou muito quando os traficantes lá do Rio vieram para cá", lamentou José Aldeci, que também tem outros três filhos, uma adolescente de 16 anos, e outros dois meninos de 12 e 5 anos.

Ele acredita que o filho tenha sido morto por vingança, porque quando criança brigou com um garoto que posteriormente iniciou a vida no tráfico.

O relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, informou que a ocupação da Chatuba é definitiva. A PM começa hoje a instalar uma companhia integrada com 112 policiais. A sede será na localidade do curral, na parte da favela que fica no município de Mesquita - a Chatuba se estende também para Nilópolis. O local é considerado um ponto estratégico por estar próximo da parte alta da comunidade e do acesso à mata. A área, até então, vinha sendo usada como ponto de observação pelos traficantes de drogas. Enquanto as obras da sede da companhia não são concluídas, a PM vai instalar contêineres provisoriamente.

A Secretaria de Segurança divulgou nota nesta manhã em que afirma que a instalação de uma Companhia Destacada na Favela da Chatuba será por tempo indeterminado, consolidando o fim do domínio do tráfico na região. Segundo a nota, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame determinou que fossem tomadas medidas extraordinárias diante da quantidade de crimes bárbaros do fim de semana. As investigações da Polícia Civil serão intensificadas.

"Diante da quantidade significativa de crimes bárbaros cometidos no último fim de semana por traficantes que dominam a comunidade da Chatuba, nos municípios de Mesquita e Nilópolis, a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro entendeu que era necessária uma ação urgente para devolver a tranquilidade àquela região. Nesse sentido, o secretário José Mariano Beltrame determinou ontem (segunda-feira, 10/9) ao comandante geral da Polícia Militar, coronel Erir Costa Filho, e à chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, que adotassem medidas extraordinárias na comunidade da Chatuba, visando a reduzir drasticamente, e de forma permanente, a presença do crime naquela localidade.

"Na madrugada de hoje, a Polícia Militar começou a retomada daquele território, preparando terreno para a instalação de uma Companhia Destacada que lá permanecerá por tempo indeterminado, consolidando assim o fim do domínio da Chatuba pelo tráfico de drogas. Uma Companhia Destacada é uma força policial de caráter permanente, com foco no policiamento ostensivo de uma determinada região. Experiências similares já vêm sendo realizadas com sucesso pela PM, que atualmente conta, por exemplo, com Companhias Destacadas nos municípios de Macaé e Niterói e nas comunidades cariocas de Morro Azul, Camarista Meyer e Vista Alegre.

"Com essas medidas - de caráter extraordinário e emergencial - a Secretaria de Segurança deixa claro que ações de extrema violência, por parte do tráfico ou de quaisquer outros grupos de criminosos, terão pronta resposta policial, com foco estratégico na presença permanente das forças de segurança pública em áreas conflagradas pelo crime, estabelecendo assim as bases para um novo ambiente de pacificação."

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