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O artista plástico Fernando Rosembaum pedala 15 quilômetros todos os dias para ir trabalhar | Antonio Costa/Gazeta do Povo
O artista plástico Fernando Rosembaum pedala 15 quilômetros todos os dias para ir trabalhar| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

MÊS DA PEDALADA

Modais são avaliados em desafio

Setembro tem sido marcado como o mês da bicicleta, em Curitiba. A programação mensal terá início hoje, às 18 horas, com a quarta edição do Desafio Intermodal. Pelo menos 25 pessoas – cinco ciclistas, dois corredores, quatro motoristas, quatro pedestres, quatro usuários de ônibus, quatro motociclistas, um cadeirante e um cego (estes, de ônibus) – participarão da prova.

De acordo com José Carlos Assunção Belotto, coordenador do projeto Ciclovida da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o desafio deste ano avaliará os aspectos fisiológicos de cada participante. "Além de medir a emissão de poluentes de cada modal, vamos fazer uma análise de risco e fatores fisiológicos.

O Desafio Intermodal pretende avaliar a eficiência dos vários modais de transporte disponíveis na cidade", explica.

Segundo Belotto, diferente do que é difundido, o Desafio Intermodal não é uma corrida. "É uma medição. Queremos avaliar os impactos de cada modal.

Todo trajeto deve ser feito no seu devido tempo. As leis de trânsito e as regras de segurança do meio de transporte devem ser respeitadas. Os trajetos são escolhidos pelos próprios participantes", diz.

O desafio é apenas uma das dezenas de atividades programadas para setembro, conhecido como o mês da Arte, Bicicleta e Mobilidade.

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No dia a dia, os carros tomam conta das ruas e são vistos como um desejo de consumo de grande parte da população. Contudo, ao contrário do que muitos podem pensar, o automóvel não é o meio de transporte mais usado no país. São as bicicletas que ocupam o primeiro lugar do ranking brasileiro. Enquanto existem cerca de 35 milhões de carros nas ruas e estradas do Brasil, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o número de magrelas atinge o dobro – são 70 milhões de bikes circulando no país.De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o Brasil é o 3.º maior produtor e o 5.º maior consumidor de bicicletas do mundo, com 5,7 milhões de unidades produzidas e consumidas em 2009. As re­­giões Sul e Sudeste do Brasil concentram 65% de todas as bicicletas compradas no país.

A entidade mostra ainda que apenas 18% das bikes compradas são usadas com fins recreativos e esportivos. No Brasil, segundo Moacyr Alberto Paes, diretor executivo da Abraciclo, 50% dos ciclistas brasileiros a usam como o principal meio de transporte. "Não enxergamos o grande volume de bicicletas nas cidades porque parte delas é usada na periferia e nos bairros. No centro, a concentração é menor. Mas elas estão lá, sendo usadas por trabalhadores de todas as classes sociais", afirma. Paes afirma que o uso das magrelas está concentrado nos grandes centros urbanos, onde os descolamentos são maiores.

Na opinião de Paes, as cidades brasileiras não foram projetadas e pensadas para as bicicletas, mas ele é otimista. "O panorama está mudando. O governo federal, através do Ministério das Cidades e da Educação, tem investido mais na questão da bicicleta como solução para os problemas do trânsito", afirma.

Opção pela bicicleta

O artista plástico Fernando Rosembaum, 32 anos, não vive sem bicicleta. Usuário do modal desde a adolescência, ele está longe de encostá-la em um canto escuro da garagem. "Uso a bicicleta desde pequeno, para tudo. Não uso qualquer outro veículo para transporte", afirma. Para Rosembaum, a escolha só trouxe vantagens. "A bicicleta é barata, faz bem para saúde, não polui. Na minha opinião, a bicicleta é o único meio de transporte que te possibilita sentir a cidade, estar mais próxima dela, de pertencer realmente a ela", considera.

Rosembaum conta que já viajou de magrela para a Bahia e para o Tocantins. Nas duas viagens, ele pedalou cerca de 50 dias. No dia a dia, ele usa a bike para ir de casa para o trabalho – do bairro São Lourenço ao Alto da Glória, em Curitiba. "São em média 15 quilômetros por dia", conta.

Apesar dos benefícios, Fer­nando diz que nem tudo é maravilha, especialmente em Curi­tiba, onde normalmente se paga caro por optar pela bicicleta. "Fal­­ta respeito por parte dos motoristas e infraestrutura por parte da prefeitura. Precisamos que as pessoas respeitem mais os ciclistas e que o poder público invista mais – construa ciclovias e ciclofaixas, lance campanhas educacionais, apoie mais", protesta.

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