Os vereadores de Curitiba vão votar na próxima segunda-feira a redação final do projeto de lei que proíbe motoristas de ônibus do transporte coletivo de acumularem a função de cobradores. O projeto, aprovado em segundo turno ontem, recebeu uma emenda e passa pelos legisladores novamente antes de ser enviado para a análise do prefeito.
O fim da dupla função é uma reivindicação da categoria, mas seu eventual término implicará em novas contratações, o que deve onerar ainda mais um sistema que já é deficitário. Além disso, abre espaço para uma discussão sobre a capacidade de automação no transporte.
Atualmente, a frota de ônibus da Rede Integrada de Transporte possui 1.915 veículos. Para movimentar o sistema, trabalham cerca de 7,1 mil motoristas e 6,2 mil cobradores, de acordo com a Urbs. Os micro-ônibus somam 175, o que corresponde a 9% da frota, e possuem em torno de 800 motoristas, incluindo os folguistas, em função dupla. Para isso, eles recebem uma remuneração maior que os demais: um acréscimo de 10% por hora trabalhada.
Impacto
Em caso de sanção, é possível estimar que cerca de 800 pessoas seriam contratadas para assumir o papel de cobradores nessas linhas, o que vai impactar no custo total do sistema e pode ter reflexo no valor da tarifa. "Impacto vai ocorrer, mas não dá para mensurar qual o custo efetivo de cada trabalhador para as empresas. Não há transparência e controle social nesse processo", avalia o economista Sandro Silva, do Dieese.
Para o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), o acúmulo de função é negativo para o trabalhador e põe a segurança de todos em xeque, porque o medo do atraso faz com que cobrem e dirijam ao mesmo tempo.
O sindicato das empresas de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), lamentou em nota a aprovação do projeto, que iria "na contramão do que acontece no Brasil e no mundo". Segundo o sindicato, os cobradores estão sendo aproveitados como "fiscais do sistema, vendedores de bilhetes eletrônicos e como motoristas, não havendo redução de postos de trabalho" e que adaptações acarretariam "pressão sobre o valor da passagem."
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