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Brasília – A dor sentida pelos familiares das vítimas do avião da TAM na quarta-feira é traduzida em ansiedade para os parentes dos 154 mortos no acidente com o vôo da Gol, em setembro do ano passado. Passados dez meses dessa tragédia, eles ainda não tiveram acesso às informações das caixas-pretas.

Rosane Gutjahr, 49 anos, perdeu o marido Rolf, 50 anos, na tragédia. Ela mora em Curitiba com a filha de 5 anos e não consegue pensar em outra coisa que não seja esclarecer o que houve e punir os culpados. Para ela, os principais responsáveis pelo acidente são os pilotos norte-americanos Joe Lepore e Jan Paladino, que conduziam o jato Legacy que colidiu no ar com o Boeing da Gol no Pará.

Rosane sabe apenas que a caixa-preta de áudio do avião em que o marido estava permaneceu gravando 53 segundos após a colisão. Pela versão oficial, foi informada que durante esse tempo ficaram registrados apenas sons de alarmes. Ela, entretanto, não acredita nessa hipótese. "A gente sabe, por fontes não-oficiais, que uma das últimas frases do piloto é: ‘Pessoal, vamos todos morrer’. Precisamos esclarecer isso, queremos transparência ou essa história vai nos perseguir para sempre."

Outro fato lembrado por Rosane é que o Boeing demorou cerca de dois minutos para atingir o solo durante a queda de 37 mil pés. O avião foi se despedaçando no ar. "Está incluso no relatório da Aeronáutica: o piloto coloca força no manche e o trem de pouso foi aberto. Ou seja, muita coisa aconteceu a partir da colisão entre os aviões."

Ela lamenta o fato de que os representantes das vítimas do vôo da Gol não foram recebidos até hoje pelo presidente Lula – ao contrário dos parentes de vítimas da TAM.

Segundo Rosane, as autoridades brasileiras não se manifestam por medo de conflitos com os Estados Unidos. "A gente sabe que todo mundo vai morrer. Mas não pode ser assim, não dessa forma violenta, sem explicação. É uma situação trágica, que não nos deixa encerrar um ciclo, seguir com a vida. Queremos explicações e justiça."

(AG)

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