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Se você já recebeu alguma vez, por e-mail, uma mensagem que trata de uma tal "Justiça Volante", fique atento: a mensagem contém imprecisões. Ao contrário do que circula pela internet, o serviço judicial itinerante, que resolve na hora problemas relacionados a acidentes de trânsito, não está disponível em todo o país. Ele funciona em algumas unidades da Federação, como Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Sergipe e Roraima. Mas não no Paraná.

Como usualmente o e-mail é repassado sem que os dados sejam checados, a informação correu a internet como se o serviço fosse nacional. O resultado, pelo menos em Curitiba, foi muita dor de cabeça e noites sem dormir para Márcio Adriano Marques, dono da SOS Pianos. Márcio é o proprietário de uma linha telefônica comercial cujo número (3327-8000) vem sendo repassado nesses e-mails como se fosse da Justiça Volante. Em alguns dias, chega a receber 50 ligações referentes aos serviços anunciados no e-mail. Segundo José Marques, pai de Márcio e funcionário da SOS Pianos, o número de telefonemas recebidos equivale a metade para a Justiça Volante, metade para a loja.

"É uma situação complicada. Perdemos muito tempo. As pessoas ligam, desligam, ligam de novo, e não adianta tratar mal, ninguém tem culpa", diz Márcio. "Seria muito bom se tivéssemos realmente a Justiça Volante em Curitiba", opina José.

Os dados da Justiça Volante do Tribunal de Justiça do Distrito Federal confirmam a necessidade do serviço. Lá, em média, 80% das ocorrências são resolvidas na hora e de forma amigável. O juiz-auxiliar Marcos Daros, da 2.ª Vice-Presidência – setor responsável pelos Juizados Especiais do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) – concorda com José, mas aponta alguns entraves. "É uma questão de prioridade política. O serviço exigiria um grande investimento e nunca houve oportunidade para isso", diz. Segundo ele, seriam necessários recursos para veículos, novos peritos, juízes, servidores, entre outros. "Hoje, há outras necessidades mais urgentes", diz.

Enquanto isso, Márcio e José atendem telefonemas. "Certa vez, numa madrugada, uma mulher ligou dizendo que tinha havido um acidente e que sua mãe estava machucada. Aconselhei ligar para o 190 ou 193", conta Márcio, que já pensou em mudar de número, mas desistiu. "É um telefone comercial, fácil de ser lembrado. A saída é quem recebeu esse e-mail repassá-lo com informações corretas", sugere.

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