Desunião
30 deputados do PT se rebelaram contra a decisão do partido de votar pela aprovação da lista fechada.
Brasília Estava tudo acertado entre os líderes partidários: a reforma política começaria a ser votada na Câmara dos Deputados na quarta-feira passada, com a proposta de mudança do sistema eleitoral para as listas fechadas, nas quais o eleitor escolhe o partido e não o candidato. O pleito não andou e deve se arrastar até o recesso parlamentar, na metade de julho.
O que faltou? Acertar o combinado entre os "chefes" com o baixo clero grupo formado pelos parlamentares sem expressão política e partidária, que são maioria na Casa.
Com medo de ficarem subordinados aos caciques dos partidos, eles iniciaram uma série de rebeliões que adiaram a decisão sobre a lista fechada para a semana que vem. Só no PT, supostamente coeso a favor da votação, surgiram 30 rebeldes. Até no DEM, mentor e principal defensor da proposta, apareceram descontentes. Sem o primeiro passo, está distante a votação de outros pontos importantes, como financiamento público de campanha.
O filme parece reprise da eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) há dois anos. Na época, o PT articulava com os políticos graúdos a eleição do paulista Luiz Eduardo Greenhalgh, dada como certa. Levou uma rasteira do baixo clero, que preferiu as propostas de aumentos de salários e regalias de Cavalcanti à soberba governista.
O conflito atual leva setores da sociedade a desconfiar do andamento da reforma. "Não consigo enxergar um desfecho feliz", lamenta Alberto Machado, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR). Nacionalmente, a Ordem discute a reforma há mais de uma década.
Segundo ele, é clara a preocupação apenas em situações partidárias e eleitorais e não em mudanças profundas no sistema político. "O cacique do partido quer a lista para ficar mais forte e o baixo clero não quer porque vai perder os meios que o levaram a ser deputado. Estão pensando apenas na suas perspectivas eleitorais."
Substância
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo Rocha Loures, conta que esperava a discussão de temas com mais "substância". "Mas acho que só o fato de abrir a discussão é positivo", afirma o empresário. Rocha Loures é um dos autores de uma proposta levada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a reforma política fosse tratada por uma assembléia constituinte revisora, fora do Congresso.
Tanto o industrial quanto o advogado são contra a lista fechada. "Parece um desejo da população em geral, que não quer deixar a escolha nas mãos dos partidos", justifica o presidente da Fiep. Esse anseio, compartilhado pelo baixo clero, parece ter sido ouvido pelos líderes partidários.
Tanto que o presidente da Câmara convocou uma reunião para buscar uma solução alternativa para o tema, na próxima terça-feira. A idéia é agradar tanto ao baixo clero quanto aos caciques ou seja ter uma "lista flexível", na qual o eleitor vota no partido, mas escolhe a ordem dos candidatos a serem eleitos. Assim, a força continuaria dosada, não muito diferente do que ocorre hoje.
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