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A prefeitura de Curitiba abriu ontem os 11 envelopes com as propostas financeiras da licitação para o Eixo Metropolitano, cujo pacote de obras transformará em avenida o trecho urbano da BR-476. As propostas para os dois lotes somaram R$ 121,2 milhões, 11% a menos do que o previsto em edital. Contudo, o resultado não é definitivo. A comissão de licitação ainda terá de analisar as planilhas de custos apresentadas e enviá-las ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), financiador de 90% do projeto. Se não houver contestação, as obras serão iniciadas até novembro, com prazo de 15 meses para conclusão.

Concorreram seis empresas e cinco consórcios. Juntas, a empreiteira carioca Delta e a paranaense Redram apresentaram menor preço nos dois lotes em disputa, mas estão habilitadas para apenas um. Dessa forma, o outro ficaria com o consórcio formado pela paulista Camargo Corrêa e pela também paranaense Empo, que fizeram a segunda melhor oferta nos dois itens. A princípio, o Lote 1 ficará com a Delta/Redram, com o valor de R$ 53.497.771,57, e o Lote 2 com a Camargo Corrêa/Empo, por R$ 67.695.456,01. Porém, o resultado ainda terá de passar pelo crivo técnico da comissão de licitação, que vai checar a veracidade das informações.

O Eixo Metropolitano será o sexto corredor de ônibus da Rede Integrada de Transporte (RIT), ligando o Pinheirinho ao Centro da cidade. Além de transformar em avenida o trecho urbano da BR-476, antiga BR-116, deve melhorar o escoamento do tráfego, as condições da pista, o sistema de iluminação e a segurança nesse trecho. É o que esperam os irmãos Maurício e Cláudia Regina Maio, donos de uma loja de equipamentos agrícolas e de jardinagem às margens da BR-476. Acreditam que o Eixo dará mais visibilidade ao comércio deles. Além, é claro, de reduzir os acidentes. Maurício mora na parte de cima da loja e já perdeu a conta dos acidentes que presenciou no semáforo em frente de casa. "Principalmente com motoqueiros", diz.

Menos restrições

A licitação em curso representa pouco mais da metade das obras do Eixo (9,4 quilômetros dos 18 quilômetros previstos). O trecho vai do bairro Pinheirinho ao Jardim Botânico (nas proximidades do Centro Politécnicos da UFPR), passando pelo Capão Raso, Novo Mundo, Xaxim, Fanny, Hauer, Parolin, Prado Velho e Guabirotuba. Nessa região vivem 286 mil pessoas. Fazem parte da licitação oito estações de integração, sistema de iluminação, estrutura para a implantação dos novos semáforos, canaletas exclusivas para ônibus, vias marginais, vias locais e as chamadas agulhas de ligação. Serão implantados ainda quatro sistemas binários de transporte.

A complexidade da licitação e os recursos judiciais já tomaram dois anos e meio do cronograma de obras, no qual está incluído o Eixo Metropolitano (ver matéria nesta página). O prazo de conclusão passou de nove meses para 15 meses, agora sem o indesejável "sai da frente". Será mais demorado, mas com menos restrições à circulação de veículos e pessoas no percurso das obras, garante o engenheiro Wilson Justus Soares, coordenador-geral da Unidade Técnica Administrativa de Gerenciamento (UTAG), a ponte entre o BID e a prefeitura. "Vai ser como reformar o banheiro sem precisar se mudar para a casa da sogra", compara.

Para quem reclama dos transtornos típicos das obras públicas, Justus lembra os benefícios futuros. Ele recorre a um "causo" dos tempos em que amassava barro nas ruas de Curitiba. Certa vez, o engenheiro civil coordenava a retirada do antipó numa rua por onde passaria asfalto. Sem o revestimento, a poeira tomou conta do lugar e ele teve de ouvir os impropérios de uma dona de casa. A detratora esgotou a saliva de tanto falar. Foi ao tentar justificar-se que um operário da obra se antecipou. "Quando a senhora faz comida boa não suja a panela?" Sem argumentos, a dona de casa retirou-se. E as obras continuaram.

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