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O terceiro dia do último júri do massacre do Carandiru, no fórum da Barra Funda, em São Paulo, começou com a réplica do Ministério Público, que apresentou desenhos das vítimas com as marcas de tiros para reafirmar que houve excesso na ação policial dentro da antiga Casa de Detenção, em 1992.

Segundo o promotor Márcio Friggi, os presos morreram com tiros concentrados nas regiões da cabeça e do coração, inclusive pelas costas. Para ele, isso significa que os policiais "escolheram" matar os presos, para reprimir a rebelião mais rapidamente."Os disparos são tão precisos porque foram feitos com a intenção de matar. Precisavam agir desse jeito? Poderiam ter lançado gás, usado armas não letais?", questionou Friggi.

O julgamento do massacre está sendo feito em etapas, devido ao grande número de vítimas (111 presos) e de réus. Nesta última etapa, estão sendo julgados 15 policiais militares do COE (Comando de Operações Especiais), que, segundo a acusação, atuaram no terceiro andar do pavilhão 9.

Já foram condenados, nos três júris anteriores, 58 PMs da Rota e do Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais), pelas mortes de presos no primeiro, segundo e quarto andares. Eles recorrem em liberdade.

Por volta das 11h30, após a réplica do Ministério Público, o juiz Rodrigo Tellini suspendeu a sessão, que será retomada às 13h com a tréplica do advogado de defesa, Celso Vendramini. A expectativa é que a sentença seja conhecida hoje, encerrando o julgamento do massacre como um todo.

Perfil dos presos

Inicialmente, os 15 policiais do COE eram acusados de matar oito presos, mas o Ministério Público pediu a absolvição por quatro homicídios, que foram causados por armas brancas --é possível que os próprios presos tenham matado essas quatro vítimas, como argumenta a defesa.

Durante a tréplica da acusação, o promotor Friggi apresentou aos jurados o perfil dos presos mortos a tiros. Um deles, de 20 anos, por exemplo, estava no Carandiru havia apenas três meses, e era preso provisório (ainda sem condenação).

Já um dos réus, segundo o promotor, foi expulso da PM anos após o episódio no Carandiru por envolvimento com uma quadrilha de roubos. Ele foi condenado e cumpriu pena em presídio militar.

Friggi encerrou sua apresentação recitando versos da canção "Haiti" (1993), de Caetano Veloso, e pediu que os jurados condenem os PMs.

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