A farra dos combustíveis denunciada nesta semana pela imprensa levou o Congresso Nacional a reduzir para menos de um terço os gastos dos deputados federais. Notas frias e o mau uso do dinheiro fizeram a verba indenizatória cair de R$ 15 mil para R$ 4,5 mil. Ao limitar a subvenção, a Câmara reconheceu o exagero dos antigos valores. Muitos deputados precisam agora conter a gastança e se acostumar à nova regra. Se estivesse em vigência desde o início do ano, 13 dos 30 deputados federais do Paraná já teriam passado da conta. Cinco deles extrapolaram e respondem pela metade de todos os gastos da bancada paranaense no primeiro trimestre.

CARREGANDO :)

Juntas, as notas de Abelardo Lupion (PFL), Moacir Micheleto (PMDB), Fernando Giacobbo (PL), José Janene (PP) e Aírton Roveda (PPS) representam R$ 233.694,99 dos R$ 513.982,54 gastos pelos 30 deputados paranaenses em janeiro, fevereiro e março. Os valores são apenas uma parte das despesas. Em 2005 foram R$ 41 milhões para os deputados em reembolso de despesas com combustível. Essa indenização foi criada em 2001 pelo então presidente da Câmara e hoje governador de Minas Gerais, Aécio Neves. O valor inicial de R$ 7 mil teve dois reajustes, passando para R$ 12 mil e depois para R$ 15 mil, as duas vezes sob a presidência de João Paulo Cunha (PT-SP).

Esta semana, a Mesa Diretora da Câmara se viu obrigada a reduzir o valor por causa das denúncias de gasto excessivos de alguns deputados. Isso significa que os deputados não poderão mais utilizar o total dos recursos (R$ 15 mil) somente para este fim. A diferença (R$ 10,5 mil) será usada para outros tipos de despesas, mediante apresentação de nota fiscal comprovando os gastos.

Publicidade

À frente dos gastadores paranaenses no primeiro trimestre, Lupion ficou em quarto no ranking nacional, atrás de Francisco Garcia (PP-AM), Marcelino Fraga (PMDB-ES) e José Fuscaldi Cesílio (PTB-DF). O deputado paranaense apresentou R$ 52.129,00 em notas. Em sexto lugar, outro paranaense, Giacobbo, com R$ 49.273,10 em notas fiscais de ressarcimento. Os dois parlamentares também figuram na lista dos maiores gastadores de combustíveis do país em 2005. Num "empate técnico", Giacobbo aparece em quinto, com R$ 164,1 mil em despesas, seguido de Lupion, com R$ 163,3 mil. Ambos discordam das críticas que os parlamentares vêm recebendo.

Giacobbo descarta irregularidades. Segundo ele, assim que surgiram as denúncias da farra da gasolina, protocolou pedido à mesa diretora da Câmara solicitando auditoria das suas notas. "Falei pessoalmente com Aldo Rebelo (presidente da Câmara) pedido uma verificação nas minhas notas e nos veículos que utilizo", disse.

Segundo Giacobbo, 10 veículos trabalham para ele em Brasília e três escritórios no Paraná (Foz do Iguaçu, Pato Branco e Cascavel). "Temos ambulância que atende a população, um ônibus que é utilizado pela comunidade. Tudo relacionado ao meu mandato parlamentar", garante.

Lupion argumenta que cada deputado pode gastar a verba indenizatória segundo seus próprios critérios. Em aluguéis de carro ou escritório, na divulgação parlamentar, em selos. "Como eu gasto é problema meu", diz. "É a regra do jogo. Todo mundo está dentro da regra e se o sujeito está fazendo sujeira com esse dinheiro, tem de ser punido exemplarmente". Para ele, cada deputado tem uma maneira de fazer política. "Eu gasto mais em combustível porque para mim é mais importante", afirma. Lupion diz que percorre todo o estado junto com sua assessoria. Segundo o deputado, houve mês em que teve 14 carros trabalhando para ele ao mesmo tempo.

Presidente do PFL no Paraná, Lupion argumenta que tem de atender os 399 municípios do estado e isso consome tempo e combustível. É o ônus, diz, por ser o presidente do partido e presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, sendo obrigado a fazer muitas viagens. E 2006 vai ser particularmente corrido. "Não vamos esquecer que este é um ano eleitoral", lembra. Mas isso não é propaganda política com dinheiro público, deputado? "Só estou trabalhando na divulgação do meu trabalho, não sou candidato ainda, não passei na convenção", argumenta.

Publicidade

INTERATIVIDADE

Denúncias de corrupção, nepotismo nos governos, festival de pizzas no Cogresso Nacional e Assembléias Legislativas. Diante de todo este cenário, qual será a sua posição diante das urnas em outubro?