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Hoje o Samu atende apenas na capital, São José dos Pinhais e Campo Largo | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Hoje o Samu atende apenas na capital, São José dos Pinhais e Campo Largo| Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Regras

Médicos definem pacientes prioritários

Uma regulação médica nos serviços de emergência é o mecanismo utilizado para estabelecer prioridades no atendimento, segundo o diretor de Políticas de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde, Vinícius Filipak. As ligações para o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) ou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) são avaliadas por um médico, que vai determinar – com base nas informações passadas pelo usuário – qual o grau de gravidade da ocorrência.

Hospitais

Com base na regulação médica é estabelecida a prioridade no atendimento e o local para onde o paciente será encaminhado. Se não houver necessidade de uma ambulância, o médico vai orientar o usuário sobre o encaminhamento a uma unidade hospitalar que não exija atendimento de alta complexidade. Se a ocorrência for grave, haverá preferência e o paciente será conduzido para um hospital de referência. "Neste processo, entre o ideal e o real, estamos no meio do caminho", diz Filipak.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) deverá estar implantado em toda a Região Me­­tropolitana de Curitiba (RMC) até julho. Hoje há atendimentos apenas na capital, São José dos Pinhais e Campo Largo. Com a implementação integral, a população terá à disposição 14 ambulâncias de suporte avançado – com Unida­­des de Terapia Intensiva (UTIs) móveis –, 44 de suporte básico e um helicóptero, compartilhado por meio de um convênio com a Polícia Rodoviária Federal.

Atualmente a maioria dos municípios da RMC conta apenas com o Serviço Integrado de Aten­­dimento ao Trauma em Emer­­gência (Siate) – gerido pelo Corpo de Bombeiros – e tem o setor de emergência quase todo concentrado em Curitiba, que reúne a maioria dos hospitais. Além da capital, apenas quatro dos 26 mu­­nicípios da região metropolitana – São José dos Pinhais, Arau­­cária, Campo Largo e Campina Grande do Sul – têm hospitais com estrutura de alta complexida­­de para atendimentos emergenciais.

O Samu é um serviço criado pelo governo federal que depende de fin anciamento das três esferas de governo, com 50% vindos da União; 25%, dos estados; e 25%, dos municípios. Por isso a implantação em localidades menores e com baixa capacidade de arrecadação é demorada, já que os gestores locais também participam do investimento.

Dos 26 estados brasileiros, o Paraná é apenas o 22.º no ran­­king dos que mais recebem repas­­ses federais para o serviço de emergência, resultado da baixa adesão municipal. O investimento per capita feito no estado pela União fica em R$ 0,83 e em Ser­­gipe, o campeão em repasses, é de R$ 3,14.

Em todo o estado apenas 15 cidades, de um total de 399, são atendidas pelo Samu, excluindo 54% dos paranaenses. Hoje o programa tem 60 ambulâncias e a meta é chegar a 163 até o fim de 2012.

Em Curitiba, o Samu passará a ser operacionalizado neste ano pela empresa Ecco Salva, que ganhou uma licitação para contratação de socorristas, motoristas, rádio-operadores, manutenção das 18 ambulâncias e compra de equipamentos de localização por satélite.

O contrato tem validade de 12 meses e o edital prevê o pagamento de R$ 484 mil mensais (R$ 5,8 milhões no total).

Espera chega a quatro horas

No dia 2 de novembro a comerciante Márcia Krupa teve de esperar quatro horas por um atendimento de emergência para seu filho Tiago, de 4 anos. Ele havia sofrido um traumatismo craniano após um acidente com o portão de casa e foi levado pela mãe ao pronto-atendimento infantil de Arau­­cária. Como o caso era grave, o me­­nino precisava realizar uma tomografia, mas não havia equipamento disponível no município. Se­­gundo a prefeitura de Arau­­cária, uma queda de energia no dia anterior fez com que o aparelho ficasse inutilizável por 24 ho­­ras.

A família de Márcia tem plano de saúde e ela decidiu levar o filho para o Hospital Vita, em Curitiba. Como o estado dele era considerado grave, o transporte precisava ser feito em uma ambulância com UTI. A prefeitura de Araucária tem um convênio com a Ecco Salva para realizar esse tipo de transporte e a empresa foi acionada.

Mas a comerciante teve de es­­perar quase quatro horas até a chegada da ambulância. No início da noite, segundo Márcia, a vaga no Vita já estava confirmada, mas a ambulância chegou a Araucária apenas perto das 23h30. Já no hospital, Tiago passou por uma delicada cirurgia no crânio, mas se recuperou bem. "Hoje foi meu filho, amanhã pode ser o de outra pessoa. O estado dele era grave e, em função da demora, poderia ter ficado com sequelas graves", diz Márcia.

A prefeitura de Araucária informou em nota que "a Ecco Salva foi oficiada para esclarecer o caso e, após a análise do evento, medidas administrativas poderão ser to­­madas pela municipalidade para resolver essa e outras ocorrências que possam vir a acontecer". Já a empresa Ecco Salva afirmou que houve dificuldade para a confirmação da vaga no Hospital Vita e que é responsável apenas pelo transporte dos pacientes.

Segundo o diretor de Políticas de Urgência e Emergência da Se­­cretaria de Estado da Saúde, Vi­­nícius Filipak, o ideal nesses casos é ligar para o Siate para receber as orientações corretas. Em situações graves, o helicóptero com UTI mó­­vel pode ser acionado para o transporte rápido de pacientes.

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