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Santa Luzia do Norte, AL – "Collor vem aí" – berrava o locutor no alto do trio elétrico que ontem à tarde puxava uma carreta pela pequena e pobre cidade de Santa Luzia do Norte, na região metropolitana de Maceió. E dessa vez ele não estava exagerando. O ex-presidente Fernando Collor de Mello, que deixou o cargo sob acusações de corrupção e teve os direitos políticos cassados por oito anos em 1992, está mesmo na iminência de retornar a Brasília. Dessa vez ocupando o cargo de senador por Alagoas.

Numa manobra que desorientou seus opositores, ele desembarcou na campanha muito tardiamente, no dia 3 deste mês. Uma semana depois, segundo o Ibope, tinha 26% das intenções de voto, enquanto o franco favorito na corrida para o Senado, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), seguia com 35%. Hoje o quadro está invertido, com 36% para Collor e 31% para Lessa.

Os expedientes de campanha de Collor, que se autodenominava defensor dos descamisados e caçador de marajás, são idênticos aos do passado. Concorre por um partido pequeno e desconhecido, o PRTB; concentra suas ações nos lugares mais pobres do estado; e também recorre a um novo título de tom populista. Agora ele é o senador do povo.

Com o apoio de um helicóptero, chega a percorrer até dez municípios do interior em apenas um dia. Ontem foram sete. A reportagem acompanhou sua passagem por três deles, em áreas vizinhas a Maceió. Collor chegou a Santa Luzia às 15h30 e percorreu a cidade na carroceria de uma camioneta. Os sorrisos e acenos eram mecânicos porque num momento em que o veículo passou por uma área sem habitantes, cercada por mato, o ex-presidente continuou acenando e sorrindo.

Dali a carreata seguiu para a vizinha Coqueiro Seco e, finalmente, no começo da noite, para Marechal Deodoro, a maior das três cidades visitadas ontem. Entre uma e outra, em áreas distantes do olhar do eleitor, o senador do povo descia da camioneta e entrava em outro carro para ficar protegido da poeira.

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