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Comportamento

Jovens acham natural a agressividade

Para o professor de Sociologia César Bueno de Lima, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, os jovens de hoje tendem a aceitar com mais naturalidade situações que beiram ou materializam a violência. "O jovem convive em uma sociedade onde a morte e a violência são banalizadas e ele se torna indiferente em relação ao sofrimento. As pessoas estão mais dispostas a aceitar situações de violência simbólica ou física", afirma.

"O trote é um rito de passagem, que legitima violência, aceita como forma de pertencer a um grupo", diz. É como um círculo vicioso: o calouro passa a reproduzir atitudes que recebeu. "É preciso haver debate na sociedade, na imprensa, e na universidade. Porque essa situação de violência ultrapassa limites toleráveis", avalia. (MC)

Embora muitos jovens aceitem com naturalidade o trote acadêmico, universidades e municípios têm se mobilizado para impedir que essa cultura se perpetue. Em Londrina, o Código de Posturas do Município proíbe o trote nas vias, praças e logradouros públicos. Dentro da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a prática é considerada falta grave e existem dois números de telefone para o recebimento de denúncias (3371-4483 e 3371-4363). Em Ponta Grossa, o trote violento é proibido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e por lei municipal.

Em Curitiba não há uma lei que impeça situações de constrangimento aos calouros, mas as universidades contam com mecanismos próprios de desestímulo à iniciativa. Na UFPR e na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), o trote tradicional é proibido. Segundo a pró-reitora de Graduação e Educação Profissional da UTFPR, Simone Massulini Acosta, os veteranos que obrigarem os alunos a doar dinheiro, dentro ou fora da universidade, podem sofrer sanções disciplinares. "Além das sanções disciplinares internas, os autores dos trotes que envolvam agressões, humilhações e violência de qualquer espécie estarão sujeitos às punições previstas no Código Penal", alerta. Cerca de 20 mil estudantes, 3 mil deles calouros, começam hoje as aulas na instituição.

Na UFPR, a Semana de Recepção aos Calouros busca integrar calouros e veteranos de forma saudável. O Centro Acadêmico de Enge­nharia Civil, por exemplo, reunirá nesta semana calouros do curso e de Arquitetura e Urbanismo para reformar uma creche comunitária no bairro Cajuru. O Centro Aca­dêmico também promoverá uma festa externa. Apesar das ameaças de veteranos na internet, a entidade garante que não haverá agressões e ameaças durante a confraternização. (MC)

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