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Michelotto ocupava cargo desde 2011: destino ainda é incerto | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Michelotto ocupava cargo desde 2011: destino ainda é incerto| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Cinco dias após a prisão de dez policiais civis acusados de torturarem os suspeitos de matar a jovem Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, o secretário da Segurança Pública Cid Vasques anunciou uma substituição no cargo de delegado-geral da Polícia Civil do Paraná. O atual titular da Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), Riad Braga Farhat, assume o comando no lugar de Marcus Vinicius Michelotto – que ocupava a posição desde janeiro de 2011. Também houve troca de comando na corregedoria da instituição.

Em entrevista coletiva concedida ontem, Vasques admitiu que a Polícia Civil vive um momento delicado e apontou o caso Tayná como o desencadeador das mudanças. "Temos que reconhecer que a Polícia Civil vive um momento de crise. Esse episódio [investigação em torno da morte da garota] destoou da sua normalidade dentro do trabalho investigativo", afirmou.

Vasques contou que foi o próprio Michelotto quem colocou o cargo à disposição. A decisão teria sido tomada pelo ex- delegado-geral cinco dias atrás. A data coincide com a prisão dos policiais acusados de torturarem o quarteto que trabalhava em um parque de diversões de Colombo para que eles assumissem a culpa pelo assassinato da adolescente.

Na ocasião, além dos dez policiais civis, a Justiça também havia aceitado os pedidos de prisão contra um policial militar, um guarda municipal de Araucária, um auxiliar de carceragem e um preso de "confiança". Sobre a tortura, inclusive, o secretário da Segurança Pública afirmou que "há uma suspeita muito forte" de que ela realmente tenha ocorrido.

Além da troca no comando da Polícia Civil, a corregedoria-geral da instituição também passará por mudanças. Sai Paulo Ernesto Araújo Cunha e assume Valmir Soccio. As nomeações ainda não têm datas definidas para ocorrer.

De acordo com Vasques, as trocas servirão para uma "correção de rumos". "Queremos fortalecer a Corregedoria. Além disso, haverá uma reavaliação nos métodos de investigação e uma nova maneira de pensar a Polícia Civil", afirmou.

Trajetória polêmicaO delegado-geral Marcus Vinicius Michelotto já havia enfrentado diversas crises durante sua gestão na Polícia Civil. Relembre:

Dezembro de 2011 - Ação desastrada: Uma operação do grupo tático especial Tigre, da Polícia Civil do Paraná, acaba de forma trágica em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Os policiais paranaenses vão ao estado gaúcho resgatar duas vítimas de sequestro sem avisar as autoridades locais e matam um sargento da Brigada Militar. O caso corre na Justiça gaúcha.

Janeiro de 2012 - "Mansão-cassino": In­vestigadores realizam uma ação policial em uma casa de prostituição de luxo, no bairro Parolin, em Curitiba. A operação policial tornou público um racha interno na Polícia Civil. No local, funcionava um cassino clandestino. Há suspeitas de que lá também funcionava uma casa de prostituição.

Fevereiro de 2012 - Ameaça de greve: Os policiais civis entram com recurso para tentar deflagrar a greve da categoria. Liminar expedida pelo Tribunal de Justiça do Paraná proibe a paralisação no estado.

Março de 2012 - Aumento diferenciado para delegados: Os delegados da Polícia Civil recebem um aumento salarial diferenciado dos policiais da base. O investigador que ingressa na 5ª Classe receberia um subsídio inicial de R$ 4.020. O próprio Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná reclamou abertamente do aumento.

Maio de 2012 - "Polícia Fora da Lei": Gazeta do Povo revela o uso de viaturas oficiais fora do horário de serviço e o emprego de dinheiro público em delegacias desativadas. A série de reportagens desencadeou o início de uma investigação do Ministério Público.

Abril de 2013 - Operação Vortex: Dois delegados e um investigador da Polícia Civil do Paraná foram presos por posse ilegal de arma e munição restrita pelo Gaeco, braço do Ministério Público do Paraná.

Junho de 2013 - Caso Tayná: Dez policiais civis são acusados torturarem quatro suspeitos da morte da adolescente Tayná, de 14 anos. Os policiais estavam lotados no bairro Alto Maracanã, em Colombo e no Centro de Operações Policiais Especiais, outra unidade da Polícia Civil.

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