• Carregando...

O julgamento do massacre do Carandiru foi retomado na tarde de hoje no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, com os debates entre acusação e defesa. O promotor Eduardo Olavo Canto Neto voltou a contestar a afirmação da defesa de que os PMs se defenderam dos presos

Ao todo, estão sendo julgados nessa quarta etapa do júri 15 policiais militares do COE (Comando de Operações Especiais), que teriam atuado no terceiro andar da Casa de Detenção do Carandiru, para conter a rebelião ocorrida em outubro de 1992.

Para refutar a tese de confronto, o promotor afirmou que os policiais do COE não usavam escudos durante o massacre. Isso contraria o advogado de defesa, Celso Vendramini, que afirmou que os escudos e coletes dos policiais tinham marcas dos tiros que teriam sido dados pelos detentos.Ontem, todos os réus que responderam as perguntas do Ministério Público afirmaram que havia de dois a três escudeiros no terceiro andar do pavilhão 9, onde a tropa atuou.

O promotor, porém, mostrou documento do Gpoe (operações penitenciárias especiais), que registrou os materiais utilizados na ação policial, e que consta apenas seis facas e quatro coletes (além de armas de fogo), não mencionando a presença de qualquer utilização de escuto pelos policiais militares.

Perícia

Além da tese de que os policiais se defendiam dos presos, a defesa dos 15 PMs também aponta que o confronto balístico das armas utilizadas no dia do massacre é essencial para seja apontado os responsáveis por cada uma das 111 mortes do pavilhão 9, o que não foi feito.

A acusação, durante sua argumentação, tentou convencer os jurados de que mesmo que o exame fosse feito na época, ele estava "fadado ao fracasso". Isso porque, segundo ele, as armas não foram corretamente encaminhadas para o IC (Instituto de Criminalística) para realização da perícia.

Como exemplo, Canto Neto mostrou aos jurados boletim de ocorrência que registrou a utilização da arma usada no massacre em outra ação policial do dia seguinte.

O promotor ainda voltou a afirmar as duas principais teses da acusação: de que a ação coletiva dos policiais promoveu o resultado final, a "execução" dos detentos e que apesar da entrada dos PMs ser necessária, houve um excesso de violência por parte dos policiais.

Absolvição

Nessa etapa, estão sendo julgados 15 PMs do COE pela morte de oito presos e duas tentativas de homicídio. A acusação, no entanto, pediu a absolvição dos réus pelo homicídio de quatro presos pelo fato de eles terem sido mortos por arma branca.Para o Ministério Público, ainda que a tropa do COE portasse facas, não seria possível afirmar com precisão se foram os policiais ou os próprios detentos os responsáveis pelas quatro mortes.

Canto Neto ainda pediu a absolvição dos policiais pelas duas tentativas de homicídio pelos quais eles também respondem --as vítimas não compareceram ao julgamento.

Segundo ele, os jurados não puderam ouvir a versão das vítimas mesmo elas tendo sido chamadas para comparecer ao tribunal. Ele ainda afirmou que os depoimentos desses sobreviventes no processo estavam confusos.Após duas horas e meia de argumentação da acusação, o juiz Rodrigo Telline fez uma pausa e a sessão foi retomada por volta das 16h30 para a exposição da defesa.

Devido ao grande número de réus e de vítimas, o julgamento está sendo feito em etapas, conforme os andares do antigo prédio. Ao todo já foram condenados 58 PMs pelas mortes ocorridas no primeiro, segundo e quarto andares. Eles recorrem em liberdade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]