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Pelo menos 436 espécies de animais vertebrados do Estado de São Paulo estão sob algum grau de ameaça de extinção. O dado foi apresentado nesta quinta-feira (2) pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente no Jardim Zoológico da capital, dez anos após a última divulgação de uma lista de fauna em risco no Estado.

Entre as espécies consideradas criticamente ameaçadas - nível mais avançado de vulnerabilidade - estão tatu-canastra, onça-pintada, ariranha, veado-campeiro, baleia azul e arara-vermelha. Oito foram consideradas regionalmente extintas: perereca-verde-de-riacho-de-Paranapiacaba e peixe surubim-do-Paraíba, bodião-rabo-de-forquilha, badejo-tigre, badejo-sirigado, tubarão-limão, cação-lixa e peixe-serra.

De acordo com Paulo Bressan, presidente da Fundação Parque Zoológico SP e coordenador do grupo de 61 pesquisadores responsável pelo levantamento, não é possível comparar a lista atual com a anterior e dizer, por exemplo, se houve aumento de espécies ameaçadas, porque a metodologia mudou. Na verdade, em 1998 não havia regra clara, mas sim a percepção dos cientistas. Agora, o Estado seguiu os moldes aplicados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), já usados para elaborar a lista nacional.

Ao todo, foram analisadas 2.603 espécies. Para 161 delas, os dados foram considerados insuficientes para classificação. Outras 86 espécies entraram na categoria "quase ameaçadas". O secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, afirmou que a idéia agora é atualizar a lista com mais freqüência, ao mesmo tempo em que pediu mais fiscalização por parte da polícia ambiental para evitar tráfico de animais. Citou ainda os programas de aumento de recuperação das matas ciliares e mais pesquisas para conhecer as espécies.

O levantamento mostrou que a devastação do cerrado paulista tem refletido diretamente sobre a fauna. Entre os répteis, por exemplo, vários lagartos e cobras que vivem exclusivamente nos campos estão ameaçados por causa de destruição dessa vegetação. Outros dois pontos críticos são a ilha dos Alcatrazes e a ilha de Queimada Grande. Na primeira, o animal mais ameaçado é a jararaca-de-Alcatrazes; na segunda, a jararaca-ilhoa. Ambas são endêmicas de cada ilha.

"Já presenciamos gente saindo com caixas cheias de cobras. Um aluno meu chegou a ser abordado por um homem que queria comprar uma", conta Otávio Marques, do Instituto Butantã, que coordenou o estudo desse grupo.

Entre as aves, destaque para o bicudinho-do-brejo-paulista, endêmico da região do Alto Tietê. "Acreditamos que não haja mais do que 250 exemplares na natureza e não existem indivíduos em cativeiro. Se perder esse hábitat, ele estará extinto", comenta Luis Fábio Silveira, da USP, coordenador do grupo de aves.

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