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Curitiba é o município com mais veículos: 1,3 milhão | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Curitiba é o município com mais veículos: 1,3 milhão| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Incentivo

Transporte coletivo deve ser tratado como prioridade pelo governo

Não basta investir em melhorias estruturais para garantir a fluidez do trânsito. Outra medida que deve ser tratada como prioridade é o transporte coletivo. Como salienta o engenheiro civil Ricardo Bertin, chegará um momento em que as cidades não terão como ampliar suas vias. "Você pode tirar uma faixa de estacionamento de uma rua, mas não de todas. A largura das vias não vai mudar", afirma.

Segundo ele, o que precisa ser tratado com mais seriedade é justamente a implantação de melhorias no transporte público. "Está na hora de o país pensar em soluções para o transporte coletivo, que precisa ser bem integrado e funcional", salienta.

Planejamento

Para o urbanista Carlos Hardt, em algumas cidades de médio porte o transporte coletivo vem gradativamente recebendo mais atenção. "Devemos ter um planejamento adequado de circulação dos ônibus para estimular as pessoas a usarem o sistema. Se parte das pessoas que usam ônibus decidisse ir de carro, o trânsito ficaria próximo do caos", afirma.

Maior aumento

Em Guaraqueçaba, no Litoral do Paraná, 83 novos veículos foram responsáveis por colocar a cidade como a que proporcionalmente ganhou mais carros, motos, caminhões e ônibus no último ano. O município registrou um aumento de 19,5% – passando de 426 para 509. Apesar disso, é a cidade com o menor número de veículos em circulação no estado.

O número de veículos automotores no Paraná aumentou 6,8% entre 2011 e 2012. A frota de carros, motos, ônibus e caminhões em circulação subiu de 5,4 milhões para quase 5,8 milhões. Isso significa que, para cada dois habitantes do estado, que tem 10,5 milhões de pessoas, existe um veículo.

As cidades do interior foram as principais responsáveis por impulsionar esse crescimento. Caso se levasse em conta os índices de todos os municípios – com exceção dos dados da capital –, o aumento da frota no Paraná chegaria a 7,7% em um ano. Essas cidades foram responsáveis por inserir mais de 322 mil veículos em circulação.

Em números absolutos, Curitiba continua como o município com maior quantidade de veículos – 1,3 milhão. No entanto, a capital do Paraná foi a cidade que proporcionalmente recebeu menos automotores. Os 48,9 mil novos veículos foram suficientes para um aumento de apenas 3,8% na frota.

O estímulo dado à compra de carros pelo governo federal, com a isenção do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), é apontada como fator preponderante para o crescimento. "É uma forma encontrada para movimentar o mercado interno, estimulando a compra de veículos. Além disso, houve uma melhora nas condições financeiras do brasileiro", aponta o coordenador do curso de Engenheira Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e mestre em transportes, Ricardo Bertin.

Desafios

O aumento de automóveis em circulação desafia a mobilidade nas cidades paranaenses. Especialistas são unânimes em afirmar que mais veículos representam congestionamentos e maior probabilidade de ocorrerem acidentes. "A infraestrutura viária não acompanha o crescimento da frota. Deve-se pensar em reparos e obras pontuais para melhorar o fluxo de veículos a curto prazo", salienta Bertin.

Segundo o professor Gar­­rone Reck, do Depar­­ta­­mento de Transportes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o índice maior de veículos deve forçar a médio e longo prazos a realização de melhorias na gestão do trânsito, com o desenvolvimento de projetos de engenharia de tráfego. "Outro desafio é limitar estacionamentos nas vias com maior volume de tráfego e implantar faixas preferenciais para ônibus nas vias com maior frequência de coletivos".

Segundo o urbanista e professor da PUCPR Carlos Hardt, o aumento significativo de veículos – principalmente no interior do Paraná – provoca uma espécie de efeito dominó. "As cidades de médio e as de pequeno porte devem começar a sentir dificuldades que eram quase restritas a cidades maiores, o que requer maior atenção para a mobilidade urbana".

Aumento de carros nunca vai parar

Imaginar que o número de veículos automotores algum dia vai diminuir é uma utopia, segundo o diretor do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), Marcos Traad. "Dificilmente teremos índices negativos. As pessoas sempre vão querer ter um carro próprio. Temos um crescimento contínuo", afirma.

Por mais que os benefícios do governo federal sejam interrompidos, ele considera que na melhor das hipóteses o crescimento no número de carros se torne proporcionalmente menor. "Pode ser que ocorra uma estagnada e não uma redução", prevê.

O professor da UFPR Garrone Reck assinala que o aumento da taxa de motorização decorre do aumento de renda da população e, para ele, não é razoável combater este fenômeno. "Os congestionamentos vão continuar crescendo até que os tempos de viagens por automóvel, ou restrições ao seu uso, desestimulem seus usuários e os façam buscar modos alternativos de deslocamento, seja a pé, de bicicleta ou transporte coletivo", afirma.

O diretor do Detran ainda afirma que sistemas de monitoramento podem contribuir para futuras intervenções em obras de mobilidade. "Com as câmeras é possível verificar em que locais há maior congestionamento e, assim, realizar investimentos pontuais nessas localidades".

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