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Mais de 12 mil moradores da cidade ao Sul do Paraná continuam desalojados | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Mais de 12 mil moradores da cidade ao Sul do Paraná continuam desalojados| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Dilma

A presidente Dilma Rousseff decidiu sobrevoar hoje as regiões mais afetadas pela chuva no Paraná. A informação consta da agenda da presidente. No início da tarde, Dilma deve visitar União da Vitória, onde deve dar entrevista à imprensa local.

Depois de registrar uma elevação de 12 centímetros de sábado para domingo, o nível do Rio Iguaçu, no município de União da Vitória, continuou subindo ontem. Mesmo sem mais chuva, o sistema de monitoramento hidrológico mostra um crescimento de cinco centímetros na altura do Iguaçu, das 18 horas do domingo até as 19 horas de ontem. No início da noite dessa segunda-feira, o rio chegava a 8,12 metros, 11 centímetros a mais que os 8,01 metros registrados uma semana antes, quando os moradores tiveram de deixar suas casas. Mais de 12 mil moradores continuam desalojados.

Segundo o biólogo Tom Grando, coordenador da Liga Ambiental, uma das explicações para o fenômeno são as características da vegetação da região de União da Vitória, que retém água como uma esponja, e continua liberando por dias depois do fim das chuvas. "Não é só floresta que retém chuva. Naquela área de várzea, de banhado, isso também ocorre. Outro local com retenção de água é a região de Curitiba", acrescenta. Grando detalha que, após uma chuva abundante, a água pode se comportar de duas formas: escoar imediatamente ou ficar retida. "No primeiro caso, ela cai no asfalto, vai para as galerias pluviais e é aí que causa situações catastróficas. No segundo, ocorre um ato contínuo, o local fica saturado de água."

Com uma situação histórica de alagamentos, na opinião do especialista, as cidades de União da Vitória e Porto União – conhecidas por "gêmeas" do Iguaçu – sempre conviverão com eventos extremos. "O Iguaçu é um dos rios com maior interferência humana, é o preço que se paga. Com os interesses humanos em jogo, os eventos podem ser cada vez mais imprevisíveis. A solução seria tirar as cidades de perto de onde o rio sempre inundou", defende Grando. Apesar da ação antrópica, ele não acredita que a represa de Foz do Areia tenha ligação com o transbordamento do rio na zona urbana. "Foz do Areia tem um limite máximo de operação e não chega a interferir sobre União da Vitória."

O engenheiro civil Rodolpho Ramina, que coordenou o Plano de Bacias do Alto Iguaçu e Ribeira, acredita que ainda é cedo para analisar o que ocorreu no Sul do Paraná. "Saberemos daqui um ano, quando os dados forem analisados, se forem. Agora, o que sabemos é que choveu muito mais que o esperado, isso foi uma surpresa." Segundo ele, ao mesmo tempo em que alguns locais enfrentam cheias sem precedentes, outros vivem secas nunca antes vistas. "Em São Paulo, temos o exemplo do sistema Cantareira. O Rio São Francisco também está sofrendo secas extremas."

Ramina acrescenta que, como o padrão de uso do solo é muito distinto de duas décadas atrás, é difícil analisar o quadro com base em cheias vividas pelas cidades no passado. "Mudou muito, não sabemos a influência disso. O bicho está pegando. Acredito que não há como mitigar, mas se adaptar ao que vem vindo aí."

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