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Fiesp entrega abaixo-assinado

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, causou alvoroço ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. No fim de sua participação na audiência promovida pela CCJ para discutir a prorrogação da cobrança da CPMF, Skaf entregou um abaixo-assinado com 1,3 milhão de nomes contrários à continuidade do chamado "imposto do cheque".

Segundo ele, as assinaturas foram coletadas por diversas entidades de vários estados do país. "Peço licença aos senhores senadores e às senhoras senadoras para entregar 1,3 milhão de assinaturas de todos os estados (contrárias à CPMF)", disse.

Durante sua participação na audiência, Skaf condenou a prorrogação da cobrança. Ele afirmou que a reforma tributária não prevê formas eficientes de desoneração fiscal e que a única chance de reduzir efetivamente a carga tributária é por meio da eliminação da CPMF.

Skaf disse que em vez de repassar vantagens para a população por meio da elevação da arrecadação, a União usa a receita extra para cobrir gastos.

Defesa

O deputado Antônio Palocci (PT-SP), ex-ministro da Fazenda, defendeu ontem a cobrança da CPMF durante audiência na CCJ do Senado. Palocci disse que a CPMF é o "mais produtivo" dos impostos porque traz a melhor arrecadação ao país com a melhor alíquota à população.

"Não há imposto mais produtivo que a CPMF no Brasil. Ela é a mais produtiva: com menor alíquota, traz melhor arrecadação. É seis ou sete vezes mais produtiva que a Cofins. É imposto que a arrecada mais, impondo menos carga aos indivíduos e às empresas", afirmou.

Para justificar sua argumentação, Palocci citou uma série de operações isentas da cobrança da CPMF. "Trabalhadores (que recebem até três salários mínimos) têm desconto no INSS. Aposentados até dez salários mínimos não pagam CPMF."

Brasília – A Câmara aprovou ontem projeto de lei complementar que destinará mais R$ 24 bilhões de recursos para a saúde ao longo dos próximos quatro anos. Foram 291 votos a favor 111 contra e 1 abstenção. O aumento de verbas para o setor é uma das imposições dos senadores de oposição para aprovar a emenda à Constituição que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2011. Com o projeto, que ainda precisa ser votado pelo Senado, o orçamento do setor em 2011 ficará em torno dos R$ 72 bilhões, segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

O acordo firmado entre o governo e os aliados prevê a manutenção do reajuste anual do orçamento da saúde pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Os R$ 24 bilhões extras nos próximos quatro anos ficaram assegurados com o aumento do porcentual de repasse da CPMF para a saúde. Pelo cronograma de transferência aprovado ontem no projeto de lei complementar, a saúde receberá, em 2008, R$ 4 bilhões a mais, além dos R$ 47,5 bilhões previstos no Orçamento de 2008. Nos anos seguintes, a verba extra destinada à saúde seria de R$ 5 bilhões (2009), R$ 6 bilhões (2010) e R$ 9 bilhões (2011).

Com o aumento dos recursos, o orçamento da saúde para 2008 ficará em torno dos R$ 51,5 bilhões. Em 2009, o setor ficará com R$ 57 bilhões e, em 2010, com R$ 63 bilhões no orçamento. Pelos cálculos de Temporão, o orçamento do setor ficará entre R$ 72 bilhões e R$ 73 bilhões, em 2011. "O governo começa com o que pode. A nossa proposta é bastante consistente e representa um grande avanço", afirmou Temporão, que foi à Câmara negociar a aprovação do projeto de lei.

Parte da Frente resistiu à aprovação da proposta feita pela equipe econômica sob a alegação de que, na prática, o setor não receberá R$ 24 bilhões de recursos a mais. Integrantes da Frente alegaram que a equipe econômica desconsiderou os reajustes promovidos este ano pelo governo no orçamento da saúde O orçamento do setor, em 2007, estava previsto em cerca de R$ 44 bilhões e teve um acréscimo de R$ 1,6 bilhão com o reajuste da tabela do Sistema Único de Saúde.

O projeto de lei complementar aprovado ontem na Câmara regulamenta a Emenda 29, em vigor desde 2000, e que fixa regras para o investimento na saúde por parte da União, dos estados e municípios. Para tornar viável o aumento dos recursos para o setor, o projeto determina a elevação do percentual da CPMF transferido à saúde. Hoje, da alíquota de 0,38% da contribuição 0,20% vai para esse setor. Com o projeto aprovado hoje, esse porcentual subirá para 0,24% em 2008, 0,25% em 2009, 0,26% em 2010 e, por fim, 0,28% em 2011.

Proposta

O governo apresentou ontem uma proposta ao PSDB para garantir o apoio dos senadores tucanos na votação da PEC que prorroga a cobrança da CPMF. As medidas envolvem isenção do "imposto do cheque" para quem ganha até R$ 1.640 mensais, abatimento no Imposto de Renda para quem ganha acima disso e redução de impostos para empresas.

A proposta foi apresentada ontem pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) a senadores tucanos. O PSDB decide na terça-feira se aceita a proposta. Para isso, precisa dos números fechados.

As empresas seriam contempladas com a desoneração da folha de pagamento por meio da redução da contribuição ao "Sistema S" – Sesi, Senai, Sesc e Senac. Essa arrecadação rende a essas entidades cerca de R$ 13 bilhões por ano.

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