Empobrecimento é tendência, diz especialista

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O comando financeiro da mulher à frente das famílias brasileiras é uma tendência que deve acentuar-se ainda mais nos próximos anos, afirmam estudiosos no assunto.

Segundo Benilde Maria Lenzi Motim, professora de Sociologia do Trabalho da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a chefia feminina sem o cônjuge terá como conseqüência o empobrecimento das famílias comandadas por mulheres. Isso porque, segundo Benilde, as despesas não são divididas com o parceiro, o que diminui o lucro e a subida na escada das classes sociais. "A pobreza é feminina: a mulher precisa sustentar a família e ao mesmo tempo se ausentar da educação. Ela deixa de ter colaboração de marido, o que faz com que ela fique mais pobre do que se tivesse um companheiro trabalhando", aponta Benilde.

Economicamente, a tendência é de que o número de mulheres assumindo o posto de chefia na família aumente ainda mais, conforme prevê Cid Cordeiro, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócioeconômicos). O motivo é o crescimento contínuo da economia terciária (economia baseada na prestação de serviços, mais conhecido como terceiro setor). "Não há exigência de força física nesse segmento, o que facilita a mudança. E a tendência é que a economia do conhecimento e da informação aumente mais que nunca", afirma Cordeiro.

Uma terceira mudança é comportamental e tende à não- valorização da família tradicional, com o núcleo paterno e materno. Com a reorganização familiar, que já está ocorrendo, abrem-se novas possibilidades para relações de autoridade, afirma o sociólogo e professor do Centro Universitário Positivo (Unicenp), Rafael Bezerra. "As famílias se dissolvem e não há mais submissão, uma figura de comando. Com a ausência do pai, a vaga de autoridade fica em aberto. É por isso que vemos hoje crianças na escola não obedecendo a professora, porque não reconhecem o professor como uma autoridade", explica Bezerra. (TB)