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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo

A estação-tubo do Passeio Público, em direção ao terminal do Santa Cândida, concentra o maior número de passageiros que entram nos ônibus sem pagar a tarifa, os chamados “fura-catracas”, em Curitiba. O ponto registra média diária de 208 invasões por dia, conforme revela pesquisa divulgada nesta quinta-feira (5) pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp). O estudo, feito com dados colhidos em cinco dias, aponta que o uso “ilegal” do transporte público na capital geral prejuízo de R$ 300 mil por mês ou R$ 3,6 milhões por ano – valor que supera em cinco vezes o estimado pela Urbs no mês passado.

“Amostragem de cinco dias é suficiente”, diz Setransp

Henrique Credidio, assessor técnico do Setransp, garante que o número de dias usados para concretizar os dados da pesquisa divulgada nesta quinta-feira (5) pelo sindicato é suficiente. A pesquisa foi realizada em todos os 359 postos de cobrança de 19 a 23 de agosto de 2015, em período integral de operação, entre 5h30 e 0h30.

“Em um dia útil que fosse realizada [a pesquisa] nossa precisão seria 90%. Com cinco dias, fica na casa dos 98%”, afirma.

Segundo ele, não foi estabelecido um período maior para não ocupar demais os cobradores, principais colaboradores do estudo.

“Neste período, os cobradores estavam também desempenhando outra função, que é a de cobrar [tarifa]. E mais tempo [de pesquisa] poderia sobrecarregá-los”.

Segundo o levantamento, a soma de todos os casos registrados em Curitiba durante o período de coleta das informações mostra que a média diária de usuários que deveriam mas não pagam tarifa é de 3.252. No universo dos cinco postos de cobrança com mais incidência de invasões estão ainda as estações Itajubá - sentido Centro (101 por dia); Antônio Lago - sentido Centro (77); Tubo China (74) e Rio Barigui - sentido Centro (69), cada uma em um bairro diferente da capital.

Uma análise mais específica do estudo, levando em conta a relação do número de usuários com a quantidade de invasões registradas, mostra que no topo do ranking está a estação-tubo Rio Barigui, sentido bairro. Dos 675 passageiros que entraram no ponto nos cinco dias da pesquisa, 271 – 40,15% do total – entraram sem pagar a tarifa (excluindo isentos cadastrados).

A mesma estação, mas no sentido inverso (Rio Barigui - sentido Centro) aparece em segundo lugar nesta lista, com uma média de 27,14% de passageiros invasores, seguida das estações Passeio Público - sentido Santa Cândida (13,62%), Tubo China (10,47%) e Itajubá - sentido Centro (8,4%).

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Sobre a divergência dos valores de prejuízo apontados, a Urbs disse que o número repassado à imprensa no mês passado tratou-se apenas de uma estimativa feita com base em informações pegas de algumas - e não todas- as estações da cidade. Por isso, não se pode comparar os dois resultados.

Invasões em grupo dificultam inibição

“Notamos que as invasões são em grupo. Então, o cobrador não tem muito o que fazer se não tiver apoio”, ressaltou o assessor técnico do Setransp Henrique Credidio para explicar a falta de contenção dos “fura-catracas” em Curitiba.

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Conforme a pesquisa do sindicato, 49,1% das entradas ilegais nos coletivos durante o período de coleta dos dados foram feitas por um grupo denominado como “gangues e vândalos”. O termo, a entidade explica, foi usado para designar o conjunto de pessoas que invade e também danifica a estrutura das estações-tubo ou dos ônibus. Em segundo lugar vêm os estudantes, que respondem por 21,36% dos casos. Torcedores aparecem na 5ª e última posição, somando 5,7% das invasões. Quanto aos horários, a maior parte dos casos (22%) ocorrem das 13 às 17h30.

“Está se criando uma cultura de invasão”, afirmou o diretor executivo do Setransp Luiz Alberto Lenz. Embora sem apresentar dados para comprovar a afirmação, o diretor disse que o número de passageiros transportados que decidem não pagar o valor da passagem tem aumentado continuamente. “Essa questão nos preocupa porque gera ameaça e medo aos usuários. E por causa do medo, pode haver menos usuários e uma evasão aos cofres públicos”, analisa.

Reforço na segurança é insuficiente para conter o problema

A definição do cenário de invasões nos ônibus do transporte público de Curitiba pelo Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) é uma forma encontrada pele entidade de quantificar o problema há muito enfrentado no setor. A ideia é que estes dados possam ser usados pelas autoridades competentes para correr atrás de, se não uma resolução, uma contenção no problema que, segundo as empresas, tem assustado os passageiros.

“O trabalho das empresas é justamente apontar os problemas que existem e fazer com que esse efetivo [de guardas e policiais militares] possa trazer esse processo de inibição. Não cabe as empresas criarem esse procedimento”, afirmou o diretor executivo do Setransp Luiz Alberto Lenz, que disse haver um constante diálogo entre as empresas e as autoridades responsáveis pela segurança pública na capital.

Embora diga enxergar o problema da questão de segurança como algo nacional, o diretor não nega que o trabalho atual de policiais e guardas municipais é insuficiente para ajudar no controle das invasões nos coletivos. “Todos nós entendemos que precisa ter mais”, diz.

No entanto, o diretor diz enxergar a falha como um problema generalizado e que, embora insuficiente, o efetivo que cuida da segurança pública na cidade tem feito o que pode. “Entretanto, com aquilo que o poder público tem de condições, nós vemos está havendo maior capacitação”, completa.

Em nota, a prefeitura de Curitiba defendeu que a Guarda Municipal “realiza constantemente operações presença nos terminais viários, estações-tubo e patrulhamento do itinerário dos ônibus”. O órgão disse ainda que há operações simultâneas em vários pontos da cidade, e que, de agosto para cá, “com base nos dados levantados pela pesquisa do Setransp, foram intensificados os trabalhos em conjunto com a Polícia Militar e a Polícia Civil, priorizando os pontos com de maior número de ocorrências”.

Pelo menos três operações pontuais e conjuntas já foram realizadas pela Guarda Municipal para coibir este tipo de crime, conforme a nota.

Procurada para comentar sobre o que tem feito para reforçar a segurança nesta área, a Polícia Militar do Paraná informou, no meio da tarde, que está produzindo um levantamento a respeito e que irá se pronunciar sobre o assunto somente na sexta-feira (06).

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