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O "senhor das pedras" pode estar de volta

O homem suspeito de ser um dos maiores traficantes de Curitiba – com domínio de regiões como Pilarzinho, Cajuru, Capanema e Almirante Tamandaré, na região metropolitana, segundo a polícia – está nas ruas há pouco mais de um mês. A presença de Marcelo Stoco – "o Marcelão" – tem mudado a rotina em parte dessas comunidades.

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Presos na Operação Fênix não foram julgados

O juiz da Vara Criminal de Colombo, Fernando Swain Ganem, ainda não julgou os 43 acusados de tráfico de drogas presos durante a Operação Fênix, em 2007. Em setembro do ano passado, um um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) beneficiou os suspeitos.

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Marcelo Stoco, o homem apontado pela polícia como um dos traficantes de drogas mais perigosos da região de Curitiba, está de volta às ruas. Ele e mais 23 pessoas, suspeitas de integrar sua quadrilha, foram beneficiados pelos quase intermináveis obstáculos burocráticos da Justiça brasileira. Além da lentidão judicial, ocasionando o excesso de prazo no processo, uma indecisão das Justiças estadual e federal na hora de receber a denúncia fez com que os desembargadores da 4.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) tivessem de conceder a liberdade a eles. Stoco e mais metade dos envolvidos foram soltos em dezembro. Os outros só teriam permanecido detidos devido a outras acusações. Hoje, o caso está com a Justiça Federal, que ainda não aceitou a denúncia.

Não foi a primeira vez que suspeitos considerados perigosos acabaram em liberdade por causa da lentidão da Justiça. Em setembro do ano passado, 43 acusados de serem traficantes pertencentes à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foram soltos pelo mesmo motivo. Em 2006, no rumoroso caso de assassinatos de mulheres em Almi­­rante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, os policiais suspeitos dos crimes também foram colocados em liberdade por motivo semelhante.

Neste novo caso, porém, a soltura de Stoco e de parte de sua suposta quadrilha tem trazido preocupações à polícia e à comunidade de Almirante Tamandaré. No município, uma das localidades em que Stoco atuaria, morreram 10 pessoas desde o começo deste ano. Segundo o superintendente da Polícia Civil na cidade, Job de Freitas, há suspeita de uma tentativa de retomada dos pontos de venda de drogas na região. "Estamos trabalhando com essa possibilidade", afirma.

Conflito de competência

A juíza da 1.ª Vara Criminal de Curitiba, Elizabeth Nogueira Calmon de Passos, responsável inicialmente pelo caso, conta que vários procedimentos demoraram para chegar às mãos dela porque antes estiveram em outras cidades. "Ocorreram várias investigações paralelas", lembra. A complexidade do caso, segundo ela, foi outro fator que fez com que o processo fosse mais longo. De acordo com a magistrada, ainda, vários suspeitos não tinham advogado e, por isso, ela teve de solicitar defensores públicos. Após analisar os autos, a juíza diz ter visto indícios de tráfico internacional de drogas e, por isso, decidiu remeter o processo à Justiça Federal.

O juiz da 2.ª Vara Criminal Federal, Sérgio Moro, discordou da juíza Elizabeth e remeteu o processo para ela novamente. Ela, então, encaminhou o caso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que o órgão decidisse sobre o conflito de competência. O STJ determinou que o processo permanecesse nas mãos da esfera federal.

Os autos chegaram à Justiça Federal durante o recesso do judiciário, no final de 2010. Hoje, o processo está parado. Moro deve encaminhar o caso ao Ministério Público Federal (MPF) para reavaliar os fatos, assim que voltar de férias, em fevereiro. "Deve voltar ao MPF para ver se eles ratificam [os fatos]. Sabemos que as acusações são graves", afirma. Ele garante que o caso será prioridade e diz que o excesso de prazo ocorreu na Justiça Estadual.

Segundo o advogado criminalista Adriano Bretas, o artigo 5.º da Constituição Federal garante que todo preso sem perspectiva de um julgamento breve deve ser posto em liberdade. "Independen­­temente dos motivos que o levaram à prisão", explica. Segundo ele, o atraso é culpa do Estado e o detido não pode ser responsabilizado.

Um entendimento jurisprudencial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) afirma que processo de réu preso por tráfico deve ter uma definição em até 252 dias. Stoco foi preso no dia 6 de novembro de 2009 e mais de um ano depois não recebeu um julgamento.

O advogado de Stoco, Osmann de Oliveira, diz que seu cliente não podia ficar preso em razão de uma omissão do Estado. Segundo ele, Stoco é inocente e não há provas contra ele. Já o coronel Milton Isack Fadel Junior, que comandou as investigações e a prisão de Stoco, diz acreditar que o suspeito não vai parar de vender droga. "Até prendê-lo de novo quanto mal ele vai fazer?", questiona.

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