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Curitiba – Escolhido mesmo contra a vontade da bancada ruralista no Congresso, o novo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, se reuniu ontem à noite, em Curitiba, com o principal representante do agronegócio no Brasil, o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi. Na pauta, a primeira aproximação entre os dois e a discussão de assuntos espinhosos, como os transgênicos. O deputado federal paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB) também participou do encontro.

A conversa entre Stephanes e Maggi foi marcada a distância pelo senador Jonas Pinheiro (PFL-MT), amigo de ambos, aproveitando a presença do governador em Curitiba para a formatura da filha. Para o ministro, a oportunidade não deixou de ser um bom começo na pasta. A ausência de deputados da bancada ruralista em sua posse, na última sexta-feira, foi interpretada como uma reprovação desses parlamentares à escolha de Stephanes pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com um "prazer em conhecê-lo", os dois apertaram as mãos e conversaram por cerca de uma hora. No final, os dois foram positivos ao avaliar o diálogo. "Não o conhecia e nunca o tinha visto nos meios de trabalho que freqüento. Mas agora sei que ele não é um neófito no processo", afirmou Maggi.

Perguntado se a ligação próxima do ministro ao governador do Paraná, Roberto Requião, contrário ao plantio de organismos geneticamente modificados, atrapalharia as negociações com o Ministério, Maggi negou. "Lula acaba de sancionar as alterações necessárias na CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) que facilitam a produção de transgênicos no país. O presidente Lula é favorável aos transgênicos. Da minha parte, obedecendo todos os trâmites legais, eu defendo a questão dos transgênicos também. Não acredito em nenhum retrocesso nesse sentido. E agora Stephanes é ministro do Brasil e não do Paraná", completou.

Stephanes, que evitou falar dos transgênicos enquanto não tinha sido ainda escolhido para o Ministério, quebrou o silêncio sobre o tema afirmando que seguirá as decisões do governo. "Existe uma lei que regula isso, uma comissão que é a CTNBio e tem uma política de governo. Nesse sentido, o ministro da Agricultura, até certo ponto não interfere muito nesse processo e a opinião dele deve ser a opinião de governo", admitiu.

Os dois frisaram também a preocupação sobre a questão da defesa sanitária animal e vegetal. "Não podemos permitir surtos de febre aftosa, gripe aviária ou outras doenças. O ministro se mostrou bastante ciente desse problema", disse Maggi. "Maggi sabe do que está falando. No Mato Grosso está o maior rebanho de gado do Brasil, 28 milhões de cabeças", avaliou Stephanes.

Rocha Loures minimizou a resistência anterior ao nome de Stephanes. "O Ministério da Agricultura era uma pasta até agora destinada à bancada ruralista, por isso esse movimento todo é natural. Mas esse encontro tende a contribuir para essa aproximação", afirmou.

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