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Ponta Grossa – Para comemorar o Dia do Idoso, cerca de 1,5 mil pessoas com mais de 60 anos da região dos Campos Gerais passaram a tarde de ontem debatendo questões sobre direitos, cidadania e valorização pessoal no 5.º Encontro da Melhor Idade. O evento foi promovido pela prefeitura de Ponta Grossa em conjunto com o governo do estado. Os participantes assistiram a palestras sobre Previdência Social, políticas de habitação, segurança de trânsito e qualidade de vida. O encontro termina amanhã.

"Os idosos estão aqui reunidos, formando uma sociedade organizada, para reivindicar os seus direitos. Sair da passividade é um grande avanço", disse o coordenador do evento, João Barbieiro. Segundo ele, o respeito que a juventude vem tendo por essa parcela que representa 15% da população brasileira é sinal de tempos melhores.

Apesar de considerar que tenha uma boa qualidade de vida, Ivone Braga, de 74 anos, presente ao evento, afirma que faltam políticas para pessoas como ela. "Hoje o idoso está se impondo, mas ainda temos um longo caminho a percorrer para sermos respeitados por inteiro", afirma. Ela cita, por exemplo, os serviços de saúde e transporte destinados ao público da melhor idade. Em Ponta Grossa, por exemplo, os idosos têm de se espremer na parte frontal do ônibus, antes de passar a roleta, porque a gratuidade da passagem só é válida se entrarem pela porta da frente.

O próprio Estatuto do Idoso, discutido há dez anos e que passou a vigorar no ano passado, ainda não é corretamente aplicado, segundo Barbeiro. Itens como a obrigatoriedade das empresas de ônibus cederem dois assentos para pessoas acima de 60 anos ainda não se concretizaram. Para o coordenador estadual da Pastoral da Pessoa Idosa, o geriatra e gerontólogo João Batista Lima Filho, o estatuto só terá aplicabilidade quando houver em cada cidade um conselho municipal do idoso. "Sem isso fica letra morta. O idoso tem que se organizar no conselho para o controle social", diz.

Segundo Lima Filho, falta também ação governamental. Essa parcela da população é o único seguimento que não possui grupos oficiais. Enquanto sociedade e políticos lutam pelos direitos das crianças e portadores de necessidades especiais, formando redes de atendimento a esse público, os idosos tentam se unir em grupos informais. A própria Pastoral da Pessoa Idosa, apesar de cuidar do assunto há 20 anos, passou a existir legalmente somente em 2004. "Como captar recursos internacionais se não temos como receber?", questiona o gerontólogo.

Para o médico, é fundamental a obrigatoriedade de noções de envelhecimento nas escolas de 1.ª a 8.ª séries, conforme previsto no Estatuto do Idoso. Somente assim as questões poderão ser discutidas mais amplamente. Segundo ele, a chegada da geração hippie na faixa dos 60 anos deve ser um fator positivo na luta pelos direitos dos idosos. "Essa é uma geração de pessoas que sempre contestaram e certamente brigará por sua própria cidadania", afirma.

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