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Brasília – Quinze quilos mais magro, semblante preocupado e cabelos visivelmente mais brancos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 2006 é um candidato que se prepara para um duelo de vida ou morte com Geraldo Alckmin, do PSDB. Com a tropa dizimada pela crise e sem generais na operação política, Lula não tem muita alternativa: deve escalar o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), para coordenar sua campanha à reeleição. "Acabou o Lulinha paz e amor", decretou ele, numa referência ao bordão criado por Duda Mendonça, que embalou a maratona de 2002. Irritado com a ofensiva da oposição, que não pára de bater nos seus, Lula deu um aviso à equipe: em conversas reservadas com ministros, na sexta-feira (7), pediu que todos defendam o governo. "Nessa altura do campeonato, nós não precisamos marcar gols. O que não podemos é tomar gol", recomendou.

A primeira tarefa repassada a Berzoini, no início da semana, foi correr atrás do tempo perdido: o apoio do PMDB nos estados. Até agora, o cenário é de dificuldade nas frentes da batalha petista. Das finanças arruinadas do PT à apatia de algumas siglas, desinteressadas no casamento com o partido do governo, problema é o que não falta para Lula.

Na tentativa de anabolizar o comitê da reeleição com um time de conselheiros, o presidente garantiu ao exército palaciano que convidará a fatia governista do PMDB para integrar o comando de sua campanha, caso a legenda não lance mesmo candidato ao Planalto. "Essa é uma possibilidade real, mas, no momento, estamos mais preocupados com as alianças nos estados", confessou o senador Ney Suassuna (PMDB-PB).

Os homens do presidente sustentam que Lula deverá intervir pelo menos no PT de Santa Catarina e do Paraná. A intenção é obrigar os candidatos petistas José Fritsch e Flávio Arns a retirarem seus nomes do páreo em apoio aos governadores do PMDB, Luiz Henrique e Roberto Requião, que vão disputar o segundo mandato. O dote peemedebista é sinônimo de palanques regionais mais robustos para Lula.

No tête-à-tête com Berzoini, o presidente ficou contrariado ao constatar que o PMDB tende a ser adversário do PT em estados importantes, como São Paulo, Minas, Rio, Pernambuco, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Alagoas, Paraná e no Distrito Federal. Disse que era preciso agir rápido para reverter esse quadro.

"Está todo mundo com um grau de incerteza muito grande", admitiu Berzoini. "A polêmica em torno da verticalização das alianças atrasou as conversas que deveriam ter sido feitas em fevereiro e março", completou, numa referência à regra que obriga os partidos a reproduzirem nos Estados a aliança para a disputa nacional.

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