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Um levantamento sobre a implantação do ensino integral nas escolas da rede municipal carioca mostrou que a transição vem sendo acompanhada de avanços significativos no rendimento dos alunos e em hábitos de leitura e alimentação, mas também evidenciou a necessidade de reforços nas séries mais avançadas, sobretudo em colégios que já atuavam em tempo integral.

Feita pela Fundação Itaú Social, a pesquisa identificou, por exemplo, que nas unidades que atuavam antes em tempo parcial houve uma melhoria expressiva nas notas de Matemática e Língua Portuguesa dos alunos do 4º ano que estavam abaixo da média: uma elevação média de 4,8 pontos em cada disciplina. Por outro lado, nas que já atuavam em tempo integral antes das modificações e que passaram pela reformulação do currículo, alunos do 8º ano sofreram uma queda média de 5,7 pontos nas notas de Matemática.

Além das notas, a pesquisa avaliou ainda outros impactos do programa, como o aumento do interesse pela leitura e melhoria nos hábitos alimentares.

Iniciado em 2011, o programa Escolas de Tempo Integral prevê a ampliação da carga horária para sete horas, acompanhada do estabelecimento de uma nova matriz curricular em toda a rede, até 2030. Atualmente, segundo a Secretaria Municipal de Educação, são 171 escolas em turno único, que atendem a 127 mil alunos (21% do total). A meta é chegar a 35% dos estudantes em 2016 e há expectativa de antecipar a cobertura total para 2020.

O quadro retratado na pesquisa foi mensurado através das taxas de aprovação e desempenho escolar medidos pela Prova Rio.

Se a melhora no desempenho foi expressiva entre os alunos do 4º ano que passaram pela ampliação da carga horária, aqueles das séries mais avançadas que passaram a estudar também em tempo integral tiveram resultados mais tímidos: houve elevação média de 2,7 pontos nas notas de Matemática entre alunos acima da média, enquanto os resultados em Português ficaram inalterados. De acordo com a gerente de educação da Fundação Itaú Social, Patricia Mota Guedes, era de se esperar que os avanços nessa faixa fossem menores.

“Estamos falando de um universo que é desafiador em todo o Brasil. São adolescentes e pré-adolescentes e, por essa condição, a adaptação já é mais difícil. Eles demandam uma proposta curricular mais complexa, que envolva protagonismo e atividades mais flexíveis”, avalia.

Sobre a queda nas notas de Matemática entre os alunos do 8º que já atuavam em regime integral, Patricia afirma que uma hipótese pode ser a dificuldade de adaptação a um novo currículo por parte dos professores.

“Como a escola já atuava em regime integral, a adaptação a um novo modelo curricular pode ter sido mais difícil do que a implementação de algo totalmente novo, como aconteceu com as demais escolas. Os Cieps tiveram, por exemplo, que revisar toda a forma como usavam seu tempo. Foi diferente das outras unidades, que simplesmente ganharam mais tempo”, pondera.

Cada colégio, um caminho

Segundo ela, apesar de a pesquisa não ter como objetivo identificar efetivamente onde estão os problemas, essa realidade mostra como o estabelecimento de uma matriz curricular, sozinho, não garante uma implementação efetiva do modelo.

“É importante compreender as características de cada escola”, diz.

Para a secretária municipal de Educação do Rio, Helena Bomeny, os resultados reforçaram que as mudanças estão na direção certa. “Achei interessante ver que escolas que passaram do regime parcial para o turno único tiveram melhora acentuada em relação às que já estavam nesse regime. Mais do que a carga de sete horas, os alunos estão recebendo um modelo de escola preparado para essa nova realidade”, diz.

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