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Carta

Entidades se manifestam contra a manutenção da ADPF das Favelas no STF

Julgamento da ADPF das Favelas será retomado nesta quinta-feira (3) no STF. (Foto: Gustavo Moreno/STF)

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Diversas entidades apresentaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma carta questionando a manutenção da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ”ADPF das Favelas”. O julgamento da ação será retomado pelos ministros nesta quinta-feira (3).

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A ADPF foi proposta, em novembro de 2019, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ONGs ligadas aos direitos humanos. Ao menos uma dessas ONGs foi acusada de manter ligações estreitas com o crime organizado.

Em junho de 2020, no âmbito da ADPF, o ministro Edson Fachin proibiu a realização de operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro durante a crise sanitária causada pelo Covid-19. Posteriormente, em 2022, o STF estabeleceu uma série de condições para que a polícia voltasse a realizar operações nas favelas do Rio de Janeiro.

No documento, as entidades expressam “profunda preocupação” sobre os efeitos da decisão. Segundo os signatários, a liminar tem resultado na expansão do crime organizado e no enfraquecimento da presença do Estado nas áreas mais vulneráveis.

Os autores da carta argumentam que, embora a medida tenha sido adotada para conter denúncias de violência policial, seus impactos práticos têm sido negativos para a população fluminense. Eles citam dados da Polícia Civil e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apontando que “mais de 1.400 comunidades estão sob domínio criminoso no estado”.

Além disso, a carta contesta o apoio de instituições como Fiocruz, UFRJ e UERJ à ADPF 635, alegando que esse respaldo não reflete a opinião da maioria da população e que não houve uma consulta pública ampla sobre o tema. Os signatários enfatizam que a segurança pública não deve ser tratada sob uma perspectiva ideológica, mas sim como uma questão de Estado, exigindo equilíbrio e responsabilidade institucional.

Entre os efeitos negativos da ADPF 635 mencionados no documento estão:

  • Aumento das barricadas que restringem o direito de ir e vir da população;
  • Crescimento de facções criminosas e milícias, gerando conflitos armados em novas áreas;
  • Uso limitado de helicópteros pela polícia, dificultando operações táticas e de resgate;
  • Prejuízo à imagem internacional do Rio de Janeiro e do Brasil, afetando investimentos e turismo.

A carta ainda alerta que a atual situação compromete a soberania do Estado brasileiro, uma vez que organizações criminosas passaram a exercer controle territorial e a substituir o poder público na oferta de serviços básicos.

Os signatários pedem ao STF que revise urgentemente os efeitos da ADPF 635, reforçando a necessidade de um equilíbrio entre a garantia dos direitos fundamentais e a retomada da presença do Estado nas comunidades afetadas.

“O enfraquecimento do poder público e a desautorização de suas polícias criam um vácuo de autoridade. E, como é sabido, o vácuo não permanece vazio por muito tempo: quem ocupa esse espaço é o crime. Um Estado que não pode garan r a segurança de seus cidadãos cede espaço à barbárie e compromete, assim, o próprio pacto civilizatório. Por isso, é imprescindível que o STF — e toda a sociedade — promova uma revisão urgente dos efeitos da ADPF 635”, ressaltam na nota.

Entidades que assinam a carta

O documento é assinado por 49 entidades do setor empresarial, de transporte e comércio, entre elas:

  • Instituto Todos Pelo Rio – TPR
  • SINDICARGA - Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro
  • Associação Logística Brasil
  • SINDAERJ - Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Rio de Janeiro
  • SINDOPERJ - Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Rio de Janeiro
  • AEB - Associação de Comércio Exterior do Brasil
  • ADERJ - Associação de Atacadistas e Distribuidores do Estado do Rio de Janeiro
  • RIO INDÚSTRIA - Associação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
  • TRANSÔNIBUS - Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Nova Iguaçu
  • SEMOVE - Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro
  • FNHRBS - Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares
  • FETRANSCARGA - Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro
  • FACERJ - Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro
  • CNTTT - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres
  • SETCESP - Sindicato de Transportes de Carga do Estado de São Paulo
  • SETCEMG - Sindicato de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais
  • Instituto Coalizão Rio
  • Além de outras.

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