Brasília – O livro-caixa da máfia dos sanguessugas, a organização acusada de vender ambulâncias superfaturadas para prefeituras, caiu como uma bomba na Comissão Especial da Corregedoria da Câmara encarregada de investigar o envolvimento de parlamentares com a quadrilha. Espécie de diário dos pagamentos de propina da organização, o livro deverá aumentar o número de parlamentares que estão sob suspeita de prestar serviços para os sanguessugas. O livro, que registra pagamentos de R$ 5 mil à R$ 50 mil, foi entregue ontem à Comissão Especial pelo delegado Tardelli Boaventura, coordenador da operação.

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"São dados extremamente importantes, que nos criaram um teor profundo de angústia. Nomes que foram citados, podem ser excluídos. Mas nomes que não foram citados podem ser acrescentados", afirmou o relator do caso, deputado Robson Tuma (PFL- SP). Entre os nomes de parlamentares que aparecem na lista da contabilidade dos sanguessugas estão os deputados Nilton Capixaba (PTB-RO), segundo secretário da Mesa da Câmara, e o ex-líder do PP Pedro Henry.

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-gerente de restaurante Marcelo Antônio de França disse que Capixaba fazia parte do seleto grupo de cinco parlamentares que se reuniam freqüentemente, num hotel em Brasíla, com o empresário Darci José Vedoin, apontado como o chefe dos sanguessugas.

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Capixaba aparece várias vezes no primeiro relátorio reservado da Polícia Federal sobre as atividades criminosas dos sanguessugas. Mas, mesmo assim, o nome do deputado foi excluído da leva dos 16 parlamentares que estão sob investigação da Comissão Especial.

A situação de Pedro Henry também não é nada confortável. Um dos acusados de receber dinheiro do valerioduto, o deputado escapou de perder o mandato. O parecer, que recomendava a cassação de Henry, foi rejeitado pelo plenário da Câmara por suposta insuficiência de provas contra o deputado.

Tardelli Boaventura também entregou à Comissão Especial um livro com o registro de projetos de vários ministérios, que estavam sendo acompanhados pela organização dos sanguessugas. Embora menos contundente que o livro-caixa, o relatório dos projetos envolveria pelo menos 60 parlamentares. Todos os projetos, descritos no documento, são financiados com verbas oriundas de emendas parlamentares. A Comissão Especial deve, agora, fazer uma triagem para conferir os nomes dos autores das emendas e checar se, de fato, as empresas beneficiadas pertencem ao congloremado de companhias de Darci Vedoin. "São denúncias que envolvem entre 60 a 80 parlamentares", disse um autoridade, que também teve acesso aos papéis.

Hoje, a Corregedoria-Geral da Câmara deverá ouvir oito integrantes da suposta organização, entre eles a ex-assessora especial do Ministério da Saúde Maria da Penha Lima, considerada peça chave no esquema. Em depoimento à PF, ela apontou o envolvimento de pelo menos 169 deputados e um senador com a organização.

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