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Está quebrado, há mais de três meses, o único topógrafo - aparelho que realiza exames da superfície da córnea – que atente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Londrina, no Norte do Paraná. Esse exame, embora não seja imprescindível para todos os pacientes que têm indicação de transplante de córnea, é indispensável em certos quadros. O equipamento pertence ao Hospital de Olhos de Londrina (Hoftalon) e foi mandado para a manutenção em São Paulo.

O problema, segundo explicou a chefe da enfermagem, Cláudia Kawasaki, é que o topógrafo tem 15 anos de uso e, por isso, existe dificuldade em encontrar a peça que precisa ser substituída. "Não é pagando que se resolve, o aparelho é antigo e falta peça. Não temos perspectivas de quando esse aparelho vai voltar para cá", explicou. A enfermeira-chefe afirmou que existe preocupação por parte da diretoria clínica do Hoftalon, mas que o hospital não tem como resolver a situação. O aparelho atende, além de pacientes de Londrina, pessoas que moram na área da 17ª Regional de Saúde – 20 municípios.

Marisa do Nascimento, assistente social do Hoftalon, informou que, normalmente, a falta do topógrafo não é um impeditivo para o encaminhamento de pacientes para o transplante de córnea. "A partir do exame clínico, o médico pode decidir pelo transplante. A topografia é complementar", afirmou.

Mas para alguns pacientes, sem o exame, o transplante não pode ser realizado. É o caso do empresário André Luiz Matheus. Ele sofre de cerotocone, uma deformação da córnea, causada por trauma ou fatores hereditários, e perdeu quase completamente a visão do olho esquerdo. "Eu tinha o exame marcado para o começo de julho, aí me informaram que a máquina estava quebrada. Vou buscar uma clínica particular, deve custar uns R$ 200, mas, infelizmente, nem todo mundo tem condições", observou. O Hoftalon não tem estimativa de quantos pacientes dependem da topografia da córnea para realizar o transplante.

Em Londrina, são realizados transplantes de córnea no Hoftalon, Hospital Evangélico e no HU – em Cambé há mais dois centros transplantadores. Segundo a Central de Transplantes, 90% são pacientes do SUS.Apesar da falta do topógrafo, as unidades continuam a realizar os transplantes de córnea. "As córneas que chegam estão sendo utilizadas. Em setembro, realizamos um no Hospital Evangélico, três no HU e seis no Hoftalon", afirmou Evanira Chiquetti, coordenadora da Central de Transplante. Cerca de 40% das córneas doadas são descartadas devido a processos infecciosos que inviabilizam o transplante.

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