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O trabalho da equipe multidisciplinar começa já na primeira audiência, junto ou após a conversa com o juiz, com uma avaliação do detido, por meio de uma entrevista motivacional. "É um momento perfeito para isso porque o indivíduo acaba de ter um choque de realidade, depois de ser detido pela polícia", explica a psicóloga do Seama Karin Andrezejewski Araie Prado Berger de Oliveira.

A abordagem não é agressiva, mas afetiva. "É como uma chamada de atenção da mãe para o filho, nos mostramos preocupados com ele e o fazemos refletir, muitas vezes pela primeira vez, sobre o problema", conta Karin. Em alguns casos, quando as posturas do juiz e do promotor permitem, a equipe do Seama participa da decisão, avaliando junto com as autoridades as medidas mais aplicáveis dentro das previstas na Lei Antidrogas: advertência, pagamento de cestas básicas e/ou prestação de serviços à comunidade.

O segundo passo é o encaminhamento para uma oficina, cuja duração pode variar de uma semana corrida a cinco meses de sessões esparsas. Depois dessas oficinas, por meio de convênios e parcerias, a equipe procura fazer a ponte entre os usuários que precisam de ajuda e as redes assistenciais e de saúde públicas e privadas, com entidades como o Narcóticos Anônimos. O Seama de Curitiba, por exemplo, tem convênio com três casas de tratamento para dependentes químicos, que oferecem vagas e outros serviços em troca de doações que chegam ao setor com o pagamento de penas alternativas. No ano passado, dez usuários foram encaminhados para internamento.

Reincidência

Em 2009, o índice de reincidência nas comarcas que têm as equipes multidisciplinares ficou entre 8% e 16%. Não há números anteriores para comparação, mas o indicador é considerado positivo. "São números expressivos quando você considera a luta árdua que é a dependência química", frisa a psicóloga da equipe de Maringá Flávia Marcela Felipe. O trabalho das equipes é difícil, considerando que nem todas as pessoas encaminhadas para as oficinas comparecem ou se convencem a buscar ajuda.

Das 422 pessoas que passaram pela entrevista em Curitiba no ano passado, 153 foram encaminhadas para as oficinas. Destas, 62 (ou 41%) não compareceram. "Quando isso acontece nós fazemos um esforço para intimar essa pessoa a vir, apelando para sua responsabilidade com o acordo judicial que foi feito", afirma Karin. Essa nova intimação, porém, depende da mentalidade de juízes e promotores.

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