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A encosta em que se apoiava a ponte sobre a Represa do Rio Capivari, que caiu no fim de janeiro, na BR-116, aparentemente continua cedendo. Ontem, quase seis meses depois do desabamento, a Gazeta do Povo voltou ao local do acidente e observou que a margem da represa avança em direção a uma das pilastras que sustentam o que restou da ponte. A terra já está a cerca de três metros de distância da estrutura. Há alguns meses, a distância entre a pilastra e a margem do lago era muito maior, como é possível verificar nas fotos acima. A Gazeta ainda ouviu pessoas da região que confirmaram perceber que a margem da represa está avançando sobre o que restou da ponte. Além disso, o solo no local está com rachaduras, semelhantes às que apareceram no dia da queda, o que pode indicar movimentação de terra.

O deslocamento do solo no local já havia sido detectado há pelo menos 60 dias por um estudo geológico encomendado pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) – conforme mostrou reportagem da Gazeta do Povo publicada em 15 de maio. Na época, o próprio Dnit, órgão responsável pela BR-116, admitiu que a movimentação de terra poderia causar o desabamento do que restou da ponte.

Procurado pela reportagem, o escritório do Dnit no Paraná nformou ontem, por meio da assessoria de imprensa, que há equipes monitorando possíveis deslocamentos da encosta. Segundo a assessoria, esses estudos indicam que a situação está sob controle. Tampouco haveria risco de a encosta ceder na cabeceira da ponte que sobrou – onde hoje passam todos carros que vão a São Paulo e que vêm do território paulista. O Dnit ainda informou que as obras emergenciais de contenção da encosta já acabaram.

A ponte do Capivari caiu no dia 26 de janeiro após chuvas muito intensas na região, que provocaram o deslizamento da encosta sobre a qual a estrutura se apoiava. Em virtude da importância da BR-116, a principal ligação de São Paulo com o Sul do país, o Dnit prometeu reconstruir a ponte em seis meses – prazo que venceria na próxima terça-feira. A Lei Federal 8.866, que normatiza as licitações, permite que obras emergenciais, como a da ponte do Capivari, sejam executadas em 180 dias sem a necessidade de processo licitatório convencional.

Em maio, porém, em virtude da descoberta de que a encosta continuava cedendo, o Dnit já admitia que a obra não seria mais entregue no prazo e que seria preciso fazer uma licitação para a reconstrução da ponte. A assessoria de imprensa do órgão informou que, neste fim de semana, uma equipe do Dnit de Brasília estará no Paraná para vistoriar a ponte e a encosta. Com base nessa vistoria, deve ser decidido qual tipo de solução de engenharia será adotada na obra. E, a partir daí, começa-se a elaborar o edital de licitação. Segundo o Dnit, do lançamento do edital até a abertura das propostas, que indicará a empresa vencedora da concorrência, devem ser transcorridos pelo menos três meses. Depois, a construção da cabeceira da pista exigiria de cinco a oito meses. Ou seja, a nova ponte será reinaugurada, na melhor das hipóteses, em abril do ano que vem.

O Dnit ainda esclareceu que, caso seja preciso fazer novas obras para conter o deslizamento da encosta, não seria necessário fazer uma licitação. Para isso, bastaria declarar nova emergência, com a justificativa de que foi detectado algum risco iminente.

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