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Os eventos que levaram à troca do delegado-geral:

Dezembro de 2011 – Ação do Grupo Tigre

Uma operação do Grupo Tigre (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial), a unidade de elite antissequestro da Polícia Civil do Paraná, acabou de forma trágica em Gravataí, no Rio Grande do Sul. Os policiais paranaenses foram ao estado gaúcho resgatar duas vítimas de sequestro sem avisar as autoridades locais e mataram um sargento da Brigada Militar. O brigadiano teria tentado abordar os policiais, pois havia suspeitado que eles poderiam ser criminosos. O caso corre na justiça gaúcha.

Janeiro de 2012 – "Mansão-cassino"

Investigadores realizaram uma ação policial em uma casa de prostituição de luxo, no bairro Parolin, em Curitiba. A operação policial tornou público um racha interno na Polícia Civil. No local funcionava um cassino clandestino. Há suspeita de que a mansão também servisse como casa de prostituição. O delegado-chefe da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, classificou os agentes envolvidos na ação de "milicianos". Já os policiais cravaram que a corporação passava por uma "crise de moralidade".

Fevereiro de 2012 - Greve

Os policiais civis entram com recurso para tentar deflagrar a greve da categoria. Uma liminar expedida pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) proibiu que os agentes fizessem a paralisação.

Março de 2012 – Aumento diferenciado para delegados

Os delegados da Polícia Civil recebem um aumento salarial diferenciado dos policiais da base. O investigador que ingressa na 5ª Classe receberia um subsídio inicial de R$ 4.020. Da mesma forma, com o passar do tempo, ele poderá alcançar um subsídio de R$ 8.196. Para 2013, o subsídio será reajustado para R$ 4.502 no ingresso. Para os delegados, o subsídio de ingresso na 4ª classe será de R$ 13.831. O próprio Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol) reclamou abertamente do aumento. Ao longo da carreira, o valor pode chegar a R$ 21.615.

Maio de 2012 - "Polícia Fora da Lei"

Série especial de reportagens da Gazeta do Povo revela as condições de infraestrutura de delegacias, além de abusos por parte de autoridades policiais, como o uso de viaturas oficiais fora do horário de serviço e o emprego de dinheiro público em delegacias desativadas. A série desencadeou o início de uma investigação do Ministério Público sobre o uso do dinheiro do fundo de recursos destinados à atividade policial.

Abril 2013 – Operação Vórtex

Dois delegados e um investigador da Polícia Civil do Paraná foram presos por posse ilegal de arma e munição restrita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MP-PR). As detenções ocorreram durante a operação Vórtex, deflagrada para investigar uma rede de extorsão formada por policiais civis, incluindo delegados. Michelotto chegou a ser notificado para prestar esclarecimentos no Gaeco após as prisões.

Junho 2013 – Tortura no caso Tayná

Dez policiais civis são acusados de participarem de tortura contra quatro suspeitos de envolvimento na morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, 14 anos. Os policiais estavam lotados no bairro Alto Maracanã, em Colombo e no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), outra unidade da Polícia Civil.

Os erros nas investigações sobre a morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, que envolvem inclusive denúncias de tortura cometidas por policiais, foram a gota d'água para provocar mudanças na cúpula da Polícia Civil do estado.

Após o anúncio da saída do delegado-geral Marcus Vinícius Michelotto, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) divulgou nesta terça-feira (23) a troca do comando da corregedoria-geral da instituição. Sai Paulo Ernesto Araújo Cunha e assume Valmir Soccio. O anúncio foi feito na tarde desta terça-feira pelo secretário de Segurança Pública do estado, Cid Vasques.

"Temos que reconhecer que há um momento de crise", disse o secretário em entrevista aos jornalistas nesta terça. Vasques frisou que a saída de Michelotto foi tranquila. "Há 5 dias ele colocou o cargo à disposição, mostrando-se um homem dotado de espírito público e desprendimento. Esse caso [Tayná], evidentemente gerou uma crise no âmbito da policia civil, mas temos que ressaltar que as divergências na investigação foram detectadas no âmbito da própria segurança pública, pois foi a polícia científica quem detectou essas divergências", argumentou o secretário.

Segundo ele, as mudanças no comando da Polícia Civil estão sendo tomadas para uma "correção de rumos". "Vamos fazer mudanças, por exemplo, na corregedoria da policia civil, para que ela seja reforçada e reavaliada, além disso, vamos estreitar os laços com a policia militar em futuras operações", anunciou Vasques.

O substituto

O delegado Riad Braga Farhat foi indicado pelo secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, para assumir o Departamento de Polícia Civil do Paraná. Ele substituirá o delegado Marcus Vinícius da Costa Michelotto, que deixa o cargo de delegado-geral para assumir outras funções na corporação.

Riad Braga Farhat responde atualmente pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc), unidade especializada no combate ao tráfico de drogas. Antes desta função, Riad foi delegado do Grupo Tigre, equipe de elite da Polícia Civil criada em 1990 e que se tornou referência no País em razão do sucesso na resolução de casos de sequestro.

A posse do novo delegado-geral e do corregedor-geral deverá acontecer nos próximos dias. "Escolhemos o Riad em função da sua folha de serviços prestados e da sua carreira inquestionável", disse Vasques. Já Soccio, o novo corregedor, veio da divisão de infraestrutura da Policia Civil.

Em nota, o delegado Marcus Vinícius Michelotto reiterou que a decisão de sair do comando da Polícia Civil foi tomada em comum acordo. Ele disse que não é o momento para pensar na transição em si, mas de apoiar o novo delegado Riad Farhat.

Crise da Polícia Civil

Apesar das poucas palavras do ex-delegado geral, a crise da Polícia Civil tem crescido ano após ano depois de 2011 e culminou no caso Tayná, onde quatro suspeitos acusam dez policiais civis de tortura para arrancar suas confissões.

Apesar disso, o problema não começou ali. Em 2011, o principal grupo de elite do Paraná, o Grupo Tigre, foi ao Rio Grande do Sul para libertar uma vítima de sequestro. A passagem dos policiais na cidade acabou resultando na morte de um policial militar local, morto ao tentar abordar os policiais paranaenses. Uma das vítimas do sequestro morreu também em troca de tiros da polícia gaúcha com os sequestradores.

Em seguida, uma guerra interna entre policiais civis da base escancarou um racha na instituição. Vários investigadores invadiram uma casa de prostituição de luxo, no bairro Parolin, caso que ficou conhecido como o da "Mansão-cassino". A gestão na corporação continuou enfrentando turbulências como disputa salarial. Os delegados receberam um aumento maior do que a base da Polícia Civil.

O ápice da crise, no entanto, começou na Operação Vortex, desencadeada em abril deste ano pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná. Os promotores do Gaeco prenderam dois policiais e um investigador suspeitos de participarem de uma rede de extorsão montada na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos de Curitiba. O próprio delegado-geral chegou a ser investigado e foi até ouvido no próprio Gaeco.

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