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Alagamento em Vila Velha (ES): 60 mil pessoas deixaram suas casas no Espírito Santo | Alex Gouvêa/Folhapress
Alagamento em Vila Velha (ES): 60 mil pessoas deixaram suas casas no Espírito Santo| Foto: Alex Gouvêa/Folhapress

Número de doações surpreende o governo

Folhapress

Diante do grande volume de doações para vítimas da chuva, o governo do Espírito Santo precisou suspender por 48 horas o recebimento de alimentos, roupas e outros itens no maior ponto de coleta de materiais, a Praça do Papa, na Enseada do Suá, em Vitória. A quantidade doada impressiona até a equipe da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos: calcula-se 3 mil toneladas de itens. São na maioria alimentos, roupas e calçados, mas é possível encontrar até fogão e geladeira.

O governo frisa, porém, que a suspensão é temporária, apenas para se fazer a triagem dos produtos doados, e que continua a receber donativos em outros pontos de Vitória e no interior do estado.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que as equipes de atendimento às vítimas podem ser reforçadas por profissionais do Mais Médicos de outros estado. De acordo com ele, os 114 profissionais do programa que atuam no estado já foram mobilizados para atuar nos abrigos.

O governo federal encaminhou ontem 2 toneladas de medicamentos suficientes para medicar 15 mil pessoas por 30 dias. Na última segunda-feira, essa mesma quantidade já havia sido enviada ao estado.

Comunidades isoladas

Localidades no Norte e Noroeste do Espírito Santo ainda continuam isoladas por causa das fortes chuvas que atingem o estado. As buscas por corpos e sobreviventes ainda continuam. Em Itaguaçu, uma das cidades mais afetadas, os bombeiros só conseguiram chegar ontem. Em Vila Velha, a cidade mais populosa do estado, moradores de áreas alagadas chegaram a interditar a estrada ES-060, conhecida como rodovia do Sol, num protesto contra autoridades do município.

  • Recebimento de doações foi suspenso ontem por 48 horas

O governo federal destinou ao Espírito Santo apenas 0,41% dos recursos previstos neste ano para prevenção e recuperação de áreas atingidas por desastres naturais, segundo levantamento da ONG Contas Abertas.

O balanço da execução orçamentária aponta que foram reservados para o estado apenas R$ 13,6 milhões de um total de R$ 3,3 bilhões em programas de gestão de riscos e resposta a desastres. O Ministério do Planejamento não comentou o levantamento da ONG.

Ontem, mais oito corpos foram encontrados, elevando para 27 a quantidade de mortos pelas cheias no Espírito Santo. Cerca de 60 mil pessoas estão em abrigos públicos ou casas de parentes e amigos.

Um levantamento complementar no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), solicitado pela reportagem e realizado pela assessoria do DEM no Senado, mostra que o governo tem investido cada vez menos em ações de prevenção de desastres.

Até ontem, apenas 15,56% haviam sido aplicados em obras de contenção de encostas, drenagem e manejo de águas pluviais – R$ 384 milhões dos R$ 2,47 bilhões previstos inicialmente. Em 2012, a União autorizou um investimento R$ 1 bilhão a mais do que o previsto neste ano e aplicou R$ 500 milhões adicionais.

A maior parte dos recursos destinados à prevenção fazem parte do programa de apoio a sistemas de drenagem urbana sustentável e de manejo de águas pluviais em municípios com população superior a 50 mil habitantes ou integrantes de regiões metropolitanas ou de regiões integradas de desenvolvimento econômico.

A ação recebeu R$ 1,24 bilhão de dotação orçamentária, mas só repassou R$ 233,5 milhões, correspondente a 18,87%. O mapeamento de áreas de risco teve R$ 24 milhões autorizados pelo orçamento anual, mas apenas R$ 1,8 milhão foram pagos até ontem.

Os recursos que a União autoriza no orçamento são liberados por meio de convênios firmados com os estados e os municípios, através do Ministério da Integração Nacional que centraliza as ações de resposta e prevenção a desastres. Procurada, a pasta não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Medida provisória

Ontem, a presidente Dilma Rousseff reconheceu, por meio de sua conta no Twitter, que o excesso de burocracia atrasa a liberação de recursos. Por isso, publicou uma medida provisória que facilita o repasse sem a necessidade de aprovação prévia de projeto das obras a serem executadas.

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