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Curitiba – O primeiro debate presidencial confirmou o esperado clima tenso da campanha eleitoral do segundo turno. Do começo ao fim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, e o concorrente do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, trocaram acusações e ironias durante duas horas e meia, mas falaram pouco sobre programas de governo.

Alckmin, o primeiro a perguntar por sorteio, partiu para acusações. Depois de fazer um breve agradecimento aos eleitores do primeiro turno, sem citar o nome de Lula, fez uma clara insinuação de que o presidente não compareceu aos debates anteriores por medo de perder a eleição. Em seguida, respondeu a pergunta feita pelo mediador, o jornalista Ricardo Boechat, da TV Bandeirantes, sobre corte de gastos na previdência dizendo que iria diminuir perdas em outros setores. "Vou cortar gastos da corrupção, da ineficiência, dos 34 ministérios sem razão nenhuma de ser, dos mais de 20 mil cargos comissionados para amigos do PT, nas compras superfaturadas dos sanguessugas, dos dólares na cueca, na caixa de uísque, no hotel. Vou fazer o Brasil crescer, para não ficar condenado a ser o último da fila dos países emergentes", disparou.

Lula não ficou atrás. Logo no início citou os 69 pedidos de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) na Assembléia Legislativa de São Paulo que foram "engavetadas". "Ao contrário do meu governo, quando eu não movimentei um dedo para impedir as CPIs. Eu não jogo dinheiro para debaixo do tapete. Sou de formação pobre, de quem não deve e não teme", disse.

O candidato do PSDB respondeu que a CPI que investigaria a construção do contorno do Rodoanel, em São Paulo, por exemplo, não chegaria a nada, porque segundo ele, foi a obra mais barata no Brasil. E disse que o presidente não falava a verdade quanto a não colocar entraves para a criação das CPIs. "O PT foi derrotado no Congresso, as CPIs saíram por causa da oposição", lembrou.

Alckmin trouxe à tona ainda a demora da investigação da Polícia Federal dos responsáveis pela compra de petistas de um suposto dossiê forjado contra os tucanos, que resultou na prisão de duas pessoas com R$ 1,7 milhão de dinheiro vivo em reais e dólares em um hotel em São Paulo. E perguntou: "Presidente, o senhor que é bem informado, é amigo de todos os envolvidos, como não sabe a origem do dinheiro?".

"O candidato tucano parece ter saudades do tempo da tortura feita na ditadura, quando em meia hora se sabia tudo o que se queria. Nós não condenamos ninguém sem provas, não cometemos injustiças. Ao mesmo tempo, afastamos todos os envolvidos", defendeu-se Lula. "Eu não falo de fazer tortura, eu sou um republicano, mas de pedir explicações para seus amigos", retrucou Alckmin.

Lula acusou o governo do ex-presidente Fernando Henrique, do PSDB, de ser o responsável pelo início da corrupção de superfaturamento na compra de ambulâncias, apurada na chamada CPI dos Sanguessugas. "Por que vocês não trouxeram o Fernando Henrique aqui? Vocês tem vergonha?", disse. "Quanta mentira, o escândalo é do seu governo, de 2003", rebateu Alckmin. "É roubo de sangue, de vampiro, de sanguessuga. O presidente Lula diz que a saúde está quase perfeita, não conhece os prontos-socorros do Sistema Único de Saúde", continuou.

O tucano não esqueceu de citar o mensalão, o escândalo da compra de votos de parlamentares no Congresso para a aprovação de projetos governistas. "Toda a quadrilha do mensalão foi denunciada pelo procurador-geral da República, o José Dirceu, ex-ministro Chefe da Casa Civil, o Luiz Gushiken, ex-assessor de comunicação, que continua recebendo salário de dinheiro público. Nunca antes na história do Brasil tivemos cinco ministros denunciados na Justiça", criticou.

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