Dentre os 18 casos de roubos de caixas eletrônicos registrados pela Polícia Civil do Rio em 2015, três chamaram a atenção de vítimas, vizinhos dos estabelecimentos roubados e autoridades de segurança. Nesses ataques, e ainda em duas tentativas frustradas, os criminosos usaram retroescavadeiras. No último deles, há duas semanas, foram roubados dois caixas eletrônicos do Guadalupe Shopping, na zona norte, com a ajuda do equipamento.
De acordo com o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, uma única quadrilha executa os roubos. “Já evitamos alguns episódios dessa natureza. No último fim de semana, não conseguimos. Mas já sabemos quem está capitaneando esses crimes, quem opera esse sistema. É uma quadrilha só, e vamos prendê-los quando estiverem fora de seu reduto”, afirmou.
O reduto mencionado por Beltrame é a região próxima dos complexos da Pedreira e do Chapadão, em Costa Barros (zona norte). Fazem parte da área de atuação dos bandidos os bairros da Pavuna, Vicente de Carvalho, Honório Gurgel, Turiaçu, Guadalupe e a cidade de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Policiais da Delegacia de Roubos e Furtos, para onde as ocorrências são encaminhadas, afirmam que, na verdade, são dois os bandos de criminosos, rivais. Um grupo é da Pedreira, dominada pela facção Amigos dos Amigos (ADA). O outro, do Chapadão, do Comando Vermelho (CV).
A Polícia Civil apurou que os criminosos envolvidos nos ataques a caixas eletrônicos com retroescavadeiras são também traficantes de drogas e que têm roubado os equipamentos em obras em bairros perto das duas favelas. A Associação de Empresas de Engenharia do Rio, entretanto, informou não ter registros desse tipo de crime.
Quando conseguem levar as retroescavadeiras, os traficantes as escondem nas favelas. Quando o roubo é concretizado, abandonam os equipamentos no local e levam os caixas em carros. A retroescavadeira e seu operador são escoltados por criminosos armados com fuzis, disse o comandante do 9º Batalhão da PM (Rocha Miranda), tenente-coronel Roberto Garcia.
“É ficar atento aos estabelecimentos onde tem os caixas mais expostos, é ficar atento a locais de pouca iluminação”, afirmou o comandante, questionado sobre as ações para evitar o crime. Ele critica o fato de donos de estabelecimentos comerciais deixarem os aparelhos encostados em paredes, que podem ser quebradas, e voltarem as câmeras de segurança para os balcões.
O major José Soares Mattos, subcomandante do 41º Batalhão (Pavuna), contou que os criminosos só saem com as retroescavadeiras de madrugada, quando há menos policiais na rua, sob escolta de fuzis e para áreas bem próximas às comunidades. “Toda vez que vê uma retroescavadeira circulando, a patrulha aborda e pergunta para onde ela está indo”, disse Mattos.
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