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Cada época tem seus próprios valores. Rotineiramente, eles se expressam na arquitetura – que é uma das formas de materializar o que um povo considera relevante e belo. Templos e igrejas são marcas da Antiguidade e da Idade Média, períodos históricos em que a religião ocupava a centralidade no cotidiano das pessoas. A Modernidade, em que a política assumiu esse espaço, tem nos palácios governamentais um de seus grandes exemplos de beleza arquitetônica. Nos tempos contemporâneos, estádios e shoppings parecem ocupar o posto, fruto da importância cada vez maior que o lazer e o consumo assumem na sociedade atual.

Instituições de educação também costumavam ter destaque arquitetônico até recentemente. Sinal de que o saber era importante a ponto de haver preocupação com sua materialização estética.

Em Curitiba, talvez o maior exemplo disso seja a imponente sede da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na Praça Santos Andrade. Também houve cuidado em agradar os olhos em espaços de ensino públicos como o Instituto de Educação, o Colégio Estadual, o Dom Pedro II (no Seminário), o Xavier da Silva (Rebouças), o Lysímaco Ferreira da Costa (Água Verde) – marcos da arquitetura escolar paranaense.

Apesar disso, têm sido raras as novas escolas públicas que, após erguidas e inauguradas, se transformam em ícones de uma comunidade. Elas padecem do mal da ausência de graça estética. O motivo pode ser a padronização, medida corriqueiramente usada para cortar custos de construções. Mas bem que poderia haver um pouco mais de preocupação com a beleza dos colégios.

A falta de atrativo visual para os estudantes, aliás, talvez nem mesmo seja o pior efeito disso tudo, afinal, as pessoas gostam de frequentar lugares bonitos. Há uma mensagem implícita a todos os que veem as escolas sem beleza ou graça: o ensino tem pouca importância para o poder público– ainda que o discurso das autoridades seja exatamente o oposto.

O mais grave é ver que, além da carência de atributos estéticos, muitas escolas públicas sofrem com o rotineiro descuido das autoridades. Tradicionalmente, no início do ano letivo começam a aparecer notícias de problemas de infraestrutura e manutenção das escolas. E em 2015 não é diferente.

Costuma-se dizer que quem gosta cuida. E o apreço estético não é, nesse sentido, uma mera preocupação fútil com a aparência. No caso da educação pública brasileira, a falta de beleza das escolas (ou de uma mínima preocupação estética) é a triste e visível face da desimportância que efetivamente se dá ao ensino.

PS: a Gazeta do Povo recentemente publicou uma reportagem mostrando alguns colégios públicos de Curitiba que viraram referência (inclusive estética) para a cidade. O texto pode ser acessado em http://bit.ly/1F2uiFu

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