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Recuo da nota é díficil de ser explicado

Explicar os motivos que levaram algumas escolas a tirar nota menor não é tarefa fácil. A maior parte das diretoras e responsáveis pelas secretarias de Educação consultadas pela reportagem não soube explicar as dificuldades. A situação está mais clara na Escola Amália Flores, em Guaíra. Lá, a evasão escolar e o aumento do índice de reprovação podem ser a explicação para a nota ter recuado de 6.1 para 4.7, segundo a diretora Noemia Franco Lourenço.

Nos últimos dois anos a escola recebeu novos alunos, alguns com dificuldades de aprendizado, o que aumentou o índice de reprovação, com peso no Ideb. Casos de evasão escolar também foram frequentes na escola, situada no bairro Parque Hortêncio, onde o índice de homicídios é alto. "Temos alunos com o pai preso e muitos só têm mãe."

Em Toledo, também na Região Oeste, as duas escolas mapeadas pela Fundação Lemann, Carlos Friedrich e Orlando Luis Basei, tiveram redução na nota de 6.7 para 6.4, e 7.3 para 7.1, respectivamente. A secretária municipal de Educação, Tânia Elisete De Grande, diz que um levantamento está sendo feito com professores e diretores para se chegar à causa.

Das 31 escolas do Paraná mapeadas pela Fundação Lemann que atendem alunos com baixo nível socioeconômico e tiveram desempenho acima da média no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011, apenas 11 mantiveram ou aumentaram as notas no último Ideb. A maior parte é da rede municipal de Foz do Iguaçu, na Região Oeste do estado.

INFOGRÁFICO: Das 31 escolas mapeadas no Paraná, apenas 11 mantiveram as notas no Ideb

O estudo feito pela Fundação Lemann em 2012 incluiu 15 escolas de Foz e 16 de outros 12 municípios do estado. Entre as escolas da cidade fronteiriça, oito aumentaram a nota, uma manteve e outras cinco baixaram. Em todas as escolas mapeadas no estado sobressaem alunos que vivem em ambientes socialmente vulneráveis. No entanto, essa condição não impede um ensino de qualidade.

Em Foz, a repetição do bom desempenho da maioria das escolas explica-se pela metodologia de trabalho adotada na rede municipal de educação desde 2008. O fluxo inclui avaliações periódicas dos alunos, reforço no contraturno e apoio de equipes multidisciplinares de fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais. Pais de alunos com dificuldades de aprendizado e baixa frequência escolar são chamados para conversar. "Ano a ano vamos criando estratégias para aumentar a qualidade", diz a secretária municipal de Educação, Lisiane Veeck.

No Ideb deste ano, a média de Foz aumentou de 7.0 para 7.3. A expectativa é que a cidade fique com uma das notas mais altas do país. O ranking nacional ainda não foi divulgado. As escolas Vinícius de Morais e Olavo Bilac , ambas de Foz, foram as que conseguiram maior avanço nas notas. A Vinícius de Moraes saiu de 7.1 e passou para 7.9. Já a escola Olavo Bilac subiu de 7.5 para 8.0.

Nas duas escolas o clima entre alunos, professores e direção é de satisfação, mas sem esquecer das metas para o próximo Ideb. No Colégio Vinicius de Moraes, a diretora Salete Aparecida de Abreu diz que a fórmula para obter o bom desempenho incluiu aulas de contraturno quatro vezes por semana no começo do bimestre para todos.

Em uma segunda fase, a turma foi dividida entre alunos com mais facilidade e outros com dificuldades. O desempenho melhorou ainda mais. Os bons alunos começaram a gabaritar os simulados e os que tinham dificuldades, as superavam. "Os alunos vestiram a camisa", diz.

Os estudantes que melhoravam as próprias notas e não faltavam nas aulas de reforço eram premiados com brinquedos, sessões de cinema e gincanas, feitas na escola. Localizado no bairro Porto Meira, o colégio atende crianças que vivem em situação de vulnerabilidade, numa área ocupada. A escola tem 700 alunos, dos quais 109 fizeram a prova do Ideb.

Mesmo sem estrutura, alguns avançam

A Escola Olavo Bilac, em Foz do Iguaçu, sofre com a falta de espaço físico. Não tem quadra de esporte nem biblioteca, mas dribla as dificuldades com o entrosamento de professores e apoio dos pais. O clima é de engajamento e a motivação dos docentes é notória.

Situada na Gleba Guarani, o colégio atende alunos de famílias carentes, mas o desempenho não deixa a desejar. A diretora Nelise Hammes diz que além das aulas do contraturno, o empenho e dedicação dos professores e da comunidade fizeram a diferença. "Buscamos saber o que está acontecendo com os alunos e trabalhamos com a família."

Mateus Veloso Melo, 10 anos, gosta de estudar, tem apreço por Matemática e elogia os professores. "As professoras ajudam no que a gente pede", diz. As aulas de contraturno ajudam os estudantes a superar as dificuldades. "Sentimos a melhora e os alunos chegam nas escolas estaduais mais preparados", diz a professora Sandra Hartemink.

Com 240 alunos, a biblioteca funciona na sala dos professores por falta de espaço. Só há um banheiro para professores e funcionários. Na sala de reforço, o ar-condicionado só chegará neste verão, graças ao dinheiro arrecadado pela Associação de Pais e Mestres.

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